Petição no Brasil recolheu mais de 500 mil assinaturas em defesa da democracia
Uma petição para "a defesa da democracia" no Brasil recolheu mais de meio milhão de assinaturas, em resposta às críticas do Presidente Jair Bolsonaro contra as instituições e o sistema eleitoral.
Lançada por membros da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), esta "Carta aos Brasileiros e Brasileiras em defesa do Estado democrático de direito", passou as 546.000 assinaturas a meio do dia de ontem, a dois meses antes das eleições presidenciais.
"Vivemos num momento de grande perigo para a normalidade democrática, de risco para as instituições, com insinuações de não respeito pelo resultado das eleições", estimam os autores do texto, assinado igualmente por antigos juízes do Tribunal Supremo, e numerosos artistas, como o cantor Chico Buarque.
A petição fala em "ataques infundados e sem prova que colocam em causa o processo eleitoral do Estado democrático de direito eleitoral conquistado pela luta da sociedade brasileira".
"Ameaças contra outros poderes (...), a incitação à violência e à rutura institucional são intoleráveis", prossegue o texto, sem nunca mencionar Bolsonaro.
O chefe de Estado do Brasil, no poder desde o início de 2019 e candidato a um segundo mandato, não tem parado de criticar o sistema de voto eletrónico em vigor naquele país desde 1996, alimentando a ideia de que não irá reconhecer o resultado das eleições presidenciais se for derrotado.
A petição da USP recolheu assinaturas de importantes associações patronais como a influente federação dos bancos (Febraban), e a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), vistas por observadores como uma mudança no apoio de 2018 ao Presidente da República.
"Quem está contra a democracia no Brasil? Nós somos pela transparência, a legalidade. Nós respeitamos a Constituição. Não percebi esta petição", reagiu Bolsonaro na sua página da rede social Facebook.
Numa sondagem realizada pelo instituto de referência Datafolha, publicada na quinta-feira, Bolsonaro registava 18 pontos de diferença - em desvantagem - em relação ao candidato de esquerda e ex-Presidente Luiz Inacio Lula da Silva (2003-2010), grande favorito do escrutínio, com 47% de intenções de voto, contra 29% para o atual Presidente de direita.