BA 5
As vacinas e os cuidados gerais de prevenção são, ainda, os métodos mais seguros para evitar uma doença
A COVID-19 não acabou. Talvez tenha deixado de ser notícia de 1.ª página ou já não seja prevalente nos títulos das notícias. As pessoas fartam-se, rapidamente, de tudo. Até das notícias de pandemias e de guerras.
O vírus, indiferente à comunicação social, continua a existir e a subsistir. Como é natural, vão acontecendo mutações que dão origem a variantes e a sub-variantes.
Actualmente, a variante Ómicron (B.1.1.529) deu origem a novas sub-variantes das quais podemos destacar a BA.2.12.1, predominante nos EUA, a BA4 e a BA5 descobertas e predominantes na África do Sul. A BA5, actualmente, é responsável por cerca de 90% das infecções em Portugal. A BA5 infecta com mais facilidade do que as variantes e sub-variantes anteriores, embora difira da BA2 por apenas 6 mutações na proteína “spike” (proteína que permite ao vírus entrar nas células do organismo — em especial nas células respiratórias).
Agora que já passou algum tempo em relação ao aparecimento da pandemia, estudos de coortes — doentes que são seguidos no tempo para determinação da incidência ou da história natural da doença, assim como de factores de risco — permitiram, já, investigar a relação, por exemplo, do uso de alguns medicamentos (Estatinas e Baricitinib, por exemplo) na prevenção primária da doença cardiovascular, superveniente à COVID-19, e ao risco de doença grave (necessitando internamento) e de morte.
Também já é possível concluir que as vacinas baseadas em RNA mensageiro, em especial depois da dose de reforço, evitam doença grave com internamento, de um modo estatisticamente significativo.
Já a junção de vacina para a COVID-19 com a vacina para a gripe sazonal (gripe A) parece aumentar a probabilidade de reacção sistémica, no intervalo de uma semana.
As recentes variantes BA4 e BA5, embora sejam capazes de tornear, com alguma facilidade, os anticorpos (quer produzidos por vacinas, quer advindos de uma infecção) e, por esse motivo, provocarem um maior número de infecções, ou seja, aumentar os conhecidos índices R0 (número básico de reprodução) e R(t) (número de reprodução efectivo em função do tempo), não determinam nem substancial aumento de hospitalizações, nem de mortes. No entanto, cerca de 50% das reinfecções são produzidas por estas variantes.
Comecei por escrever que a COVID-19 não acabou. Nem é expectável que termine.
Também, ao contrário da gripe sazonal, não é possível prever, com um ano de antecedência, quais as estirpes e variantes para as quais se deve fazer a vacina para aplicar no ano seguinte. O SRAS-CoV-2 é, ainda, muito inconstante e imprevisível.
Por isso, será bom que as pessoas continuem a praticar as acções básicas de prevenção e a usarem máscara sempre que acharem necessário porque é a maneira mais segura de impedir infecções e reinfecções.
As vacinas e os cuidados gerais de prevenção são, ainda, os métodos mais seguros para evitar uma doença que pode ser mortal e que não se sabe, com segurança, quais as sequelas que pode deixar para o futuro.