Deputado diz que não ouviu palavras de Montenegro dirigidas ao Chega
O deputado do Chega Diogo Pacheco de Amorim rejeitou hoje que o novo líder do PSD se tenha referido no encerramento ao seu partido, mas defendeu que em qualquer negociação são "salvaguardadas as linhas vermelhas ideológicas".
"Não houve palavras, eu pelo menos não entendi palavras dirigidas ao partido Chega. Houve sim ao PS, bastantes", respondeu o vogal da direção nacional quando questionado sobre as palavras de Luís Montenegro no discurso de encerramento do 40.º Congresso Nacional, ao assegurar que nunca associará o partido a "qualquer política xenófoba ou racista" e nunca será o líder de um Governo que quebre esses princípios.
Diogo Pacheco de Amorim disse ter ouvido, sim, o novo presidente social-democrata "dizer que não tinha linhas nem roxas, nem encarnadas, não tinha linhas" e defendeu que Montenegro "tentou ser ambíguo".
"Em qualquer entendimento há numa negociação de parte a parte, e portanto a haver, como é óbvio, serão salvaguardadas as linhas vermelhas ideológicas de um lado ou de outro e as bandeiras de um lado e do outro", salientou.
O ex-vice-presidente do Chega apontou que, enquanto as intervenções do presidente do PSD foram "combativas, prometiam fazer uma oposição sólida ao PS", "variadíssimas intervenções ao longo do congresso davam um sinal contrário", indicando que o Chega fica "na expectativa de ver quem é razão".
"Um PSD que seja frágil na oposição, como é evidente nos cai particularmente bem, já para Portugal neste uma oposição frágil a esta desgraça que é a governação do PS já consideramos que um é perigo grave", alertou.
O líder do Chega não integrou a comitiva que representou o partido no encerramento do congresso do PSD, mas num vídeo enviado poucos minutos depois de Pacheco de Amorim falar aos jornalistas, André Ventura apontou que "há sinais preocupantes que vieram deste congresso do PSD".
"O primeiro deles a tendência e a persistência de se aproximar mais do PS do que do Chega", criticou, defendendo que "esse foi o erro estratégico de Rui Rio cometeu e parece ser o erro maior que Luís Montenegro vai já começar a cometer".
Sobre a ausência de referências à moção de censura ao Governo apresentada pelo Chega e que será discutida no parlamento esta semana, Pacheco de Amorim disse que irá aguardar "pelo dia da votação" para ver qual será o posicionamento do PSD.
A Iniciativa Liberal (IL), pela voz de Miguel Rangel, felicitou Luís Montenegro , mas deixou alguns recados ao novo líder, assim como críticas ao Governo: "É preciso urgentemente não só o escrutínio ao Governo, mas uma oposição forte feroz, corajosa e energética e é isso que esperamos desta nova liderança que hoje inicia funções, que se junte à IL a este esforço de oposição", disse.
A reagir ao discurso do novo presidente social-democrata, Miguel Rangel salientou que são necessárias reformas e que "PSD já teve esse espírito reformista" mas que "não o tem tido ultimamente".
"A nossa esperança é que se junte a nós para esse combate e para retomar esse espírito reformista e apresentar politicas verdadeiramente alternativas", disse, apontando que "é preciso devolver a esperança" aos portugueses.
"É preciso devolver essa esperança aos portugueses e para devolver essa esperança só o conseguimos fazer combatendo as politicas socialistas e para isso somos todos poucos", terminou.
Já o presidente do CDS-PP, Nuno Melo, que mereceu uma referência especial de Luís Montenegro no seu discurso e uma palavra de "estima e estímulo", destacou que os dois partidos "governam junto mais de 40 autarquias" e partilham a governação nas regiões autónomas dos Açores e Madeira, além de terem "um trajeto muitas vezes em comum em vários governos de Portugal".
O eurodeputado do partido considerou "muito importante que o espaço politico do centro direita cresça", mas salientou que "o CDS tratará de por si reforçar a sua força, ganhar músculo, voltando ao parlamento certamente em 2026, se não for antes".
Relativamente a uma eventual coligação, o líder considerou que "o CDS antes de pensar em quaisquer coligações terá de demonstrar no país que vale por si".