Joe Biden e Xi Jinpin ponderam encontro presencial apesar das tensões sobre Taiwan
Os Presidentes norte-americano e chinês deixaram em aberto um possível encontro presencial, durante a longa conversa telefónica desta quinta-feira, centrada nas tensões sobre Taiwan, que levaram Xi Jinping a avisar Joe Biden para não "brincar com o fogo".
Segundo uma autoridade norte-americana, que falou à agência France-Presse (AFP) sob a condição de anonimato, os dois chefes de Estado concordaram "que as suas equipas vão fazer um esforço para encontrar um momento ideal para os dois".
No entanto, não foi antecipado qualquer cronograma para aquele que será o primeiro encontro presencial desde que Biden assumiu a administração dos EUA.
Washington e Pequim descreveram o telefonema, o quinto entre os dois líderes, como "sincero e aprofundado", um termo diplomático que antecipa que as divergências entre os dois países continuam complexas.
Segundo os 'media' estatais chineses Xi Jinping avisou Joe Biden para não "brincar com o fogo" em relação a Taiwan.
"Aqueles que brincam com o fogo acabam por se queimar", disse o chefe de Estado chinês ao homólogo norte-americano, citado pela agência noticiosa oficial chinesa Xinhua (Nova China).
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China divulgou, através de um comunicado, que Xi Jinping pediu ao homólogo norte-americano que os Estados Unidos "sigam o princípio 'uma só China'".
Durante a conversa telefónica, o Presidente chinês reiterou a Biden a oposição da China "à independência de Taiwan" e "interferência externa".
Do lado do Presidente norte-americano, Joe Biden disse ao homólogo chinês que a posição de Washington sobre Taiwan "não mudou" e que continua a opor-se "firmemente" a qualquer esforço unilateral para alterar o estatuto daquele território.
"Os Estados Unidos opõem-se firmemente aos esforços unilaterais para alterar o estatuto ou ameaçar a paz e estabilidade no estreito de Taiwan", que separa a China da ilha, referiu a administração norte-americana.
A conversa acontece num momento em que se fala de uma possível visita a Taiwan da líder da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, em agosto, situação que está a intensificar a tensão entre Washington e Pequim.
Pelosi ainda não anunciou oficialmente nenhuma viagem a Taiwan -- território que Pequim reivindica como uma província separatista a ser reunificada pela força caso seja necessário -, mas o Governo chinês tem vindo a alertar que responderá com "medidas fortes" se a visita se confirmar.
Embora as autoridades norte-americanas visitem Taiwan com frequência, Pequim considera a viagem de Pelosi, uma das figuras mais altas do Estado norte-americano, uma grande provocação.
As relações entre os dois países começaram a deteriorar-se em 2018, quando o então Presidente dos EUA, Donald Trump, iniciou uma guerra comercial com a China que se estendeu depois ao setor da tecnologia e diplomacia.
No último ano, as tensões têm-se intensificado em relação a Taiwan, com a qual os EUA não mantêm relações oficiais, sobretudo porque Washington é o principal fornecedor de armas para a ilha e seria seu maior aliado militar em caso de guerra com o gigante asiático.
As tensões EUA-China não se cingem apenas a esta possível viagem, ou à situação de Taiwan, e nenhum progresso terá sido alcançado, durante a conversa telefónica, sobre as taxas aduaneiras impostas a produtos chineses ainda por Donald Trump e que Joe Biden pode aumentar para combater a inflação no seu país.
"Sobre a questão das tarifas, o Presidente Biden explicou ao Presidente Xi (...) a questão central das práticas comerciais desleais da China que prejudicam os trabalhadores norte-americanos e prejudicam as famílias norte-americanas, mas não discutiu as possíveis ações que poderia tomar", explicou fonte da Casa Branca aos jornalistas.