Melhoria na comunicação vai evitar sobrepesca do atum patudo, diz secretário do Mar e Pescas dos Açores
Docapesca já está a proceder à instalação de um equipamento eletrónico de pesagem na Madeira
O Secretário Regional do Mar e Pescas dos Açores defendeu hoje que a comunicação atempada das capturas de atum patudo, na Madeira e nos Açores, vai ajudar a evitar a situação de sobrepesca que se verificou este ano.
Manuel São João falava à agência Lusa após uma reunião em Lisboa com a secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, para discutir questões relacionadas com o setor, particularmente com a comunicação no tempo certo das capturas de atum patudo, dado que a quota para este ano já está esgotada neste momento.
"Aquilo que nós pretendíamos deixar muito claro nesta reunião era a necessidade de existir uma comunicação atempada dos dados de captura, para a Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), informar, diariamente, as administrações regionais da percentagem de uso da quota de atum patudo. E isso foi garantido", disse Manuel São João.
De acordo com o governante dos Açores, a informação atempada das capturas é fundamental para as duas regiões autónomas poderem evitar que as quotas de pesca atribuídas sejam esgotadas de forma prematura, como se verificou este ano, bem como para garantir que não haverá uma `inundação´ de atum patudo no mercado e a assegurar as vendas a um "preço superior".
"O que nós pretendemos é que o atum patudo seja valorizado, sobretudo com a venda em fresco, para que deixe um bom retorno económico", frisou Manuel São João.
O Secretário Regional do Mar dos Açores salientou também que a Docapesca já está a proceder à instalação de um equipamento eletrónico de pesagem na Madeira, para permitir uma comunicação atempada das capturas, tal como já acontece nos Açores.
Segundo Manuel São João, na Madeira e nos Açores há cerca de 1.500 trabalhadores e três dezenas e meia de atuneiros envolvidos na pesca de atum patudo. Quando as quotas de pesca para o atum patudo são atingidas, como se verificou de forma muito prematura este ano, os pescadores dedicam-se à captura do atum-gaiado.
O atum-gaiado tem um valor comercial muito inferior, dado que é vendido a pouco mais de um euro, muito menos que o atum patudo que pode ser vendido a seis ou sete euros o quilo.
De acordo com o Secretário Regional do Mar e Pescas dos Açores, Portugal já teve uma quota de pesca de 3.006 toneladas de atum patudo, mas este ano, devido ao excesso de captura em anos anteriores, teve apenas direito a uma quota de apenas 2.800 toneladas, que neste momento já está esgotada.