OIM ajudou quase 50.000 pessoas a regressar ao país de origem em 2021
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) ajudou quase 50.000 migrantes a regressarem aos seus países de origem em 2021, um aumento de 18% em relação a 2020, mas muito aquém dos números anteriores à pandemia de covid-19.
"Em 2021, a OIM ajudou 49.795 migrantes a regressarem aos seus países de origem, o que representa um aumento de 18% em relação a 2020", avança a organização liderada pelo português António Vitorino.
Entre estas quase 50.000 mil pessoas que a OIM ajudou no ano passado, 6.367 receberam o apoio no âmbito do programa Regresso Voluntário Humanitário, que dá assistência em contextos humanitários, avançou a organização que integra o sistema das Nações Unidas.
Apesar de ter sido registado um aumento da mobilidade global em 2021, a pandemia de covid-19 ainda condicionou os movimentos dos migrantes, pelo que o número de regressos à origem ficou "aquém dos movimentos pré-pandemia", refere a OIM, acrescentando que, no ano passado, foram apoiadas mais de 113.000 operações de reintegração.
Segundo a organização, o Níger foi, em 2021, tal como no ano anterior, o país de onde a OIM ajudou mais migrantes a regressar ao seu país de origem (10.573).
Nesta lista constam ainda a Alemanha, de onde voltaram para casa 6.785 pessoas, a Líbia, de onde saíram 4.332 migrantes, e a Grécia, país de acolhimento (ou trânsito) de onde retornaram 2.736 pessoas.
Os principais países para onde os migrantes apoiados pela organização mais regressaram foram a Guiné-Conacri, com um total de 5.165 pessoas, e o Mali, que recebeu de volta 4.453 migrantes.
A Etiópia foi o terceiro país que mais recebeu migrantes ajudados a regressar (3.934), seguida da Nigéria (3.322).
Em termos regionais, o Espaço Económico Europeu voltou a ser a principal região de acolhimento de quem regressou, com 16.993 migrantes ajudados a sair dos países desta zona para voltarem a casa.
"A OIM mostra capacidade de responder a um crescimento do número de pedidos de migrantes para receberem ajuda para um regresso seguro e digno", afirmou o diretor da Divisão de Proteção da organização, Yitna Getachew.
Segundo este responsável, depois do levantamento das restrições de viajar impostas durante o período crítico da pandemia, a OIM não só tem recebido mais pedidos para ajuda a regressar ao país de origem, como também para apoiar a sua reintegração.
A reintegração, refere a OIM, "é um aspeto fundamental dos programas de regresso voluntário assistido", que visa "oferecer oportunidades a quem regressa e promover o desenvolvimento sustentável nos seus países de origem".
De acordo com o balanço hoje divulgado, as filiais da OIM em 121 países de todo o mundo apoiaram "113.331 operações de reintegração ao nível individual, comunitário e estrutural".
Os três países, incluindo os de acolhimento e de origem, que forneceram mais apoio à reintegração em 2021 foram a Alemanha (15%), a Nigéria (12%) e a Guiné-Conacri (8%), sendo que as principais ajudas dadas foram no âmbito da "assistência social, da assistência económica e do aconselhamento na reintegração".
"A migração hoje não é um fenómeno linear que começa com a emigração e termina com a fixação permanente num novo país", explica a OIM no balanço hoje divulgado.
"É cada vez mais multidirecional, envolvendo frequentemente o regresso aos países de origem para períodos de permanência curtos ou longos, muitas vezes seguidos de movimentos de ida e volta entre dois ou mais países ou de migração para novos destinos", adianta.
Lembrando que estes regressos acontecem por razões muito variadas, a organização refere que muitos voltam espontaneamente, depois de terem concluído os estudos ou os contratos de trabalho, enquanto uma grande parte regressa porque as condições no seu país de origem melhoraram ou porque as condições no país para onde migraram pioraram.
Por outro lado, em alguns casos, os Governos dos países de origem solicitam o regresso dos seus cidadãos, particularmente daqueles que são altamente qualificados, para contribuírem para o desenvolvimento do país.
Entre as várias razões possíveis, as mais complicadas e que requerem mais ajuda são as situações em que os migrantes deixam de estar autorizados a permanecer no país anfitrião porque são aprovadas novas leis de migração e aquelas em que a permanência no país de acolhimento passa a representar uma ameaça à segurança das pessoas, conclui a OIM.