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Presidente executivo do Santander diz que "inflação dificilmente se combate com impostos"

Foto DR/Santander
Foto DR/Santander

O presidente executivo do grupo espanhol Santander disse hoje que "a inflação dificilmente se combate com impostos" e que há consequências para "a economia em geral" do imposto extraordinário sobre os lucros da banca anunciado pelo Governo de Espanha.

"A inflação dificilmente se combate com impostos", afirmou José Antonio Álvarez, em Madrid, durante uma conferência de imprensa de apresentação dos resultados do primeiro semestre deste ano do grupo Santander, dono em Portugal do Santander Totta.

O grupo teve lucros globais de 4,89 mil milhões de euros na primeira metade de 2022, mais 33% do que em igual período do ano passado.

Em Espanha, onde o Governo anunciou que vai criar um imposto para taxar os lucros de 2022 e 2023 dos bancos e das empresas energéticas, por considerar que estão em causa ganhos extraordinários associados à inflação e à subida das taxas de juro, os lucros do Santander no primeiro semestre aumentaram 86% (foram 652 milhões de euros).

O presidente executivo (CEO) do Santander disse hoje não ver onde estão os lucros extraordinários e considerou que isso só aconteceria se houvesse uma multiplicação dos ganhos em duas ou três vezes, para cobrir os custos de capital dos bancos.

José Antonio Álvarez acrescentou que o setor da banca já tem grandes cargas fiscais, assim como é alvo de outras taxas e obrigações contributivas para fundos europeus e nacionais.

"Juntar mais não me parece o mais oportuno", afirmou, depois de considerar preocupante a estigmatização de um setor que fez um "esforço enorme" para responder às necessidades da atividade e de todos os clientes durante os anos da pandemia de covid-19.

Insistindo em que quanto maior for a previsibilidade "das regras do jogo", menor será o custo para a economia, o CEO do Santander considerou que "quem sofre" os impactos de medidas como a anunciada pelo Governo de Pedro Sánchez são, em primeiro lugar, os acionistas da banca, mas também "a economia em geral", atendendo a que está em causa um setor que "é crítico para o funcionamento da economia".

Josá Antonio Álvarez estimou que a aplicação do imposto anunciado em Espanha retire aos bancos do país capacidade para concederem 50 mil milhões de euros em crédito em dois anos.

O Governo espanhol, uma coligação que junta o partido socialista (PSOE) e a plataforma de esquerda Unidas Podemos, espera receitas de 1.500 milhões de euros anuais com o imposto extraordinário aplicado à banca, cujos moldes serão apresentados ao parlamento em setembro.

Quanto ao imposto sobre as empresas energéticas, a expetativa é que se traduza em receitas de 2.000 milhões de euros anuais para o Estado espanhol.

O grupo Santander, que tem também operações no Brasil, registou lucros totais de 4,89 mil milhões de euros na primeira metade de 2022, mais 33% do que em igual período do ano passado.

O país que mais contribuiu para as contas foi novamente o Brasil, com um lucro ordinário de 1,37 milhões de euros, menos 1% do que no primeiro trimestre de 2021, devido a uma subida nos custos e um aumento das reservas.

O Santander disse ter registado uma forte atividade comercial no segundo trimestre, apesar da incerteza dos mercados.

O CEO realçou na conferência de imprensa de hoje que os resultados são "muito bons", sobretudo, atendendo ao "contexto crescentemente incerto", com uma inflação "que não se via há muitos anos" e a subida das taxas de juro.

O grupo espanhol atingiu um novo recorde nos ativos de clientes, que ascenderam a 1,1 biliões de euros, graças a um crescimento de 4%, impulsionado sobretudo por uma subida de 5% nos depósitos.

Os empréstimos também aumentaram 6%, com destaque para as hipotecas, que cresceram 7%, o crédito ao consumo, que subiu 6%, e o crédito a empresas, que aumentou 4%.