Human Rignts Watch denuncia "tácticas" de Marrocos para calar dissidentes
A organização Human Rights Watch (HRW) denunciou hoje Marrocos por silenciar dissidentes através de campanhas de difamação na comunicação social, videovigilância, condenações por crimes como violação, intimidação de testemunhas, violência física e ameaças.
A informação consta do relatório da organização que foi hoje apresentado e que teve por base dois anos de investigação com quase 90 entrevistas a pessoas que vivem dentro e fora de Marrocos e a análise de oito casos de assédio contra dissidentes e mais 22 de pessoas a eles ligadas.
No estudo, a HRW explica que, desde meados da década de 2010, as autoridades marroquinas perseguiram não só jornalistas e ativistas por crimes relacionados com a expressão de ideias, mas também por outros como branqueamento de capitais, espionagem, violação ou mesmo tráfico de seres humanos.
A organização reuniu em vídeo os depoimentos de várias pessoas, como o historiador ativista Maati Monjib, condenado a três meses de prisão por lavagem de dinheiro.
No seu relatório, a HRW faz uma série de recomendações, algumas ao governo marroquino, pedindo que reforme os serviços de segurança e inteligência para submetê-los a "controlo independente", e pôr fim às "campanhas de difamação orquestradas" e à vigilância de ativistas e jornalistas críticos.
Insta igualmente o Parlamento marroquino a revogar artigos do Código Penal utilizados contra essas pessoas, como os que criminalizam a homossexualidade, as relações extraconjugais, o adultério, e insulto à monarquia, e ao Ministério Público para abrir investigações sobre "vigilância ilegal" de dissidentes.
A ONG também dirige recomendações à União Europeia e aos países ocidentais aliados a Marrocos, pedindo-lhes que "denunciem publicamente a estratégia repressiva das autoridades marroquinas e apoiem os opositores e jornalistas do país.