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Direita italiana renova aliança para as legislativas de Setembro

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Os líderes da direita italiana, o conservador Silvio Berlusconi e os de extrema-direita Matteo Salvini e Giorgia Meloni, renovaram esta quarta-feira a sua aliança antes das eleições legislativas de 25 de setembro.

Em caso de vitória desta coligação que envolve partidos como a Liga (Salvini), Irmãos de Itália (Meloni) e Forza Itália (Berlusconi), o primeiro-ministro a indicar será o mais votado.

"A centro-direita [como a coligação se autodenomina] chegou a um acordo completo e começou a trabalhar para vencer as próximas eleições e construir um governo estável e unido, com um programa compartilhado e inovador", referiram estes partidos, num breve comunicado conjunto.

Estes três partidos, além de outros pequenos movimentos de direita, reuniram-se esta quarta-feira durante horas, na Câmara dos Deputados em Roma, para preparar a campanha eleitoral para as eleições gerais de 25 de setembro, após a queda do governo de coligação de Mario Draghi.

Uma das questões em debate na reunião foi quem seria indicado para primeiro-ministro se, tal como preveem as sondagens, esta coligação de direita bater o bloco de centro-esquerda.

"A coligação vai propor ao Presidente da República como primeiro-ministro aquele que obtiver mais votos", concordaram os dirigentes de direita, que estabeleceram o acordo por escrito.

A líder do Irmãos de Itália, Giorgia Meloni, é apontada pelas sondagens como a mais votada, depois de ter sido a única oposição ao governo de unidade nacional de Draghi, no qual faziam parte Salvini e Berlusconi.

Caso as intenções de voto se cumpram, Meloni ocupará o lugar de Salvini à frente da direita italiana.

Mas segundo os 'media' italianos, o experiente político Silvio Berlusconi não vê com agrado a subida ao poder de Meloni, devido às suas posições de extrema-direita, alinhadas com partidos como o espanhol Vox ou do húngaro Viktor Orban.

No comunicado, no entanto, não é especificado se algum dos três líderes poderá propor-se como futuro Presidente caso Meloni, por exemplo, seja a mais votada e, por isso, indicada para primeira-ministra.

Por outro lado, esta aliança chegou a acordo sobre as candidaturas nos diferentes círculos eleitorais e irá apresentar-se conjuntamente nos 221 colégios uninominais, nos quais estão distribuídos cerca de 35% dos assentos no Parlamento.

"A unidade da centro-direita é a melhor resposta possível às acusações e ataques, muitas vezes vulgares, de uma esquerda já desesperada e que os italianos enviarão para casa em 25 de setembro", salientam ainda.

Na esquerda, o Partido Democrático de Enrico Letta procura reconstruir uma grande coligação progressista com numerosos partidos que enfrentam a direita, embora excluindo o Movimento 5 Estrelas, amplamente criticado por causar também a queda de Draghi.

Segundo as últimas sondagens, o partido ultranacionalista Irmãos de Itália, liderado por Giorgia Meloni, garante cerca de 23% das intenções de voto, à frente do Partido Democrata (também na casa dos 20%) e da força de extrema-direita Liga (14%).

A Força Itália, de Silvio Berlusconi, que perdeu alguns dos seus dirigentes por ter recusado apoio a Draghi, ronda os 8%.

Draghi presidiu a uma coligação de unidade nacional nos últimos 17 meses, desde fevereiro de 2021, quando foi indicado para gerir a crise da pandemia de covid-19 e a recuperação económica do país, após a queda do seu antecessor, Giuseppe Conte, líder do M5S, que esteve na base da atual crise política.

A coligação foi apoiada por praticamente todos os partidos com assento parlamentar, da esquerda à extrema-direita, exceto pelo movimento ultranacionalista de Giorgia Meloni.

No passado dia 14 de julho, Draghi anunciou que não queria continuar a governar sem o apoio do M5S, quando este partido se absteve num primeiro voto de confiança.

Nessa altura, o Presidente italiano, Sergio Mattarella, rejeitou o pedido de renúncia e pediu a Draghi para tentar novas soluções políticas, com o devido apoio no parlamento.

Na semana passada, Mario Draghi venceu uma segunda moção de confiança, mas perdeu o apoio de três dos partidos que apoiavam a sua coligação - o M5S, o Força Itália e a Liga - o que justificou uma nova visita ao Presidente, para lhe reiterar o pedido de demissão, que foi aceite, levando à antecipação das eleições.