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A procissão*

*) Extrato do livro Casa da minha avó, de Filipe Corujeira

A capela é pequena
pra tão grande devoção,
caminho parece estreito
não tem fim a procissão.

O peregrino na festa
aspira pela procissão,
não só para lá rezar,
mas por ser tradição.

O sino da capelinha
sonoridade lembrava,
tempos de pequenino
pela encosta soava.

À frente dos anjinhos
um deles com o pendão,
guardados por um polícia
abrem a procissão.

Festeiro atrás do padre
este junto ao andor,
a banda a marcha toca
segue o povo com fervor.

Cada um faz a promessa
desde sempre assim é,
conforme a sua bolsa
e com um pouco de fé.

A hora da procissão
é por todos respeitada,
tabernas portas fechadas
a santa é venerada.

Seguem ricos e os pobres
de toda a condição,
até o ateu acompanha
e leva filho pela mão.

A banda a fé eleva
e o espírito conforta,
alguns em silêncio rezam
a dor que a alma suporta.

Quem na procissão vai
só Deus sabe quem é,
se ali está para ser visto
ou se vai por ter fé.