Madeira

Sindicato diz que Governo Regional "tem responsabilidades no decréscimo de interesse" dos trabalhadores

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"Muito se tem falado na falta de mão-de-obra no setor da hotelaria, mas convêm realizar uma análise mais profunda para saber o que tem afastado os trabalhadores do setor", disse Adolfo Freitas, coordenador do Sindicado dos Trabalhadores na Hotelaria, Turismo, Alimentação, Serviços e Similares da Madeira, após uma reunião de dirigentes e delegados sindicais, no Funchal.

O sindicalista sublinhou ainda que o executivo madeirense e as entidades patronais "têm responsabilidades no decréscimo de interesse" dos trabalhadores.

E reforçou: "Os constantes prémios ganhos pela região no setor do turismo têm servido para engrandecer o Governo Regional e as entidades patronais, mas em nada se reflete para os trabalhadores".

O coordenador do Sindicato da Hotelaria considera que os empresários têm uma "visão meramente económica", praticando baixos salários e impondo a polivalência de funções, o que leva os trabalhadores a "migrar" para outros setores de atividade.

Na reunião de hoje, o sindicato abordou também questões relacionadas com os setores das atividades marítimo-turísticas e da panificação e preparou um documento reivindicativo que foi entregue na Quinta Vigia, sede da Presidência do Governo Regional, para onde os dirigentes se deslocaram em arruada, com bandeiras e palavras de ordem como "A luta continua nas empresas e na rua" e "Semana de 35 horas para todos sem demoras".

O sindicato do setor do turismo na Madeira apelou hoje ao Governo Regional (PSD/CDS-PP) para intervir na área das atividades marítimo-turísticas, considerando que não dispõe de Instrumentos de Regulamentação Coletiva de Trabalho.

"Estes trabalhadores estão numa zona branca, isto é, não têm contratação coletiva", disse Adolfo Freitas.

O sindicalista explicou que o setor das atividades marítimo-turísticas emprega já cerca de 200 trabalhadores e a maioria aufere o salário mínimo regional (723 euros), mas a associação patronal, a ACIF -- Câmara de Comércio e Indústria da Madeira, não demonstra vontade em negociar um contrato coletivo.

Em relação ao setor da panificação, Adolfo Freitas explicou que a associação dos industriais iniciou, em 2019, um processo de extinção, pelo que se recusa a negociar qualquer aumento salarial desde então.

O sindicato reivindica, por isso, que o Governo Regional intervenha no setor e proceda à atualização salarial.