O que me ensinou o Campeonato Nacional de Masters
Decorreram este mês os Campeonatos Nacionais Masters de Natação, em Reguengos de Monsaraz, uma prova que se destina a atletas com mais de 25 anos e acontece uma vez por ano neste formato.
Mas para além de uma competição nacional este campeonato foi uma lição de vida e a prova de que o é mesmo uma das bases para uma vida saudável.
Todos já ouvimos dizer que a prática regular de exercício contribui para a melhoria da saúde da população. Em época de eleições os políticos correm para enaltecer a importância do desporto e de que forma pretendem potenciar a sua prática. O desporto é uma cartada fortíssima nas campanhas políticas pelo país fora.
Estes campeonatos foram uma pequena amostra de como o desporto é apoiado e de que forma os órgãos decisores olham para o desporto depois da juventude. Este open contou com a presença de cerca de 400 nadadores, de ambos os sexos e com idades compreendidas entre os 25 e os 92 anos. Uma amostra interessante, não é verdade? Apesar de este ser o meu primeiro campeonato master tive a felicidade de partilhar a competição e conhecer pessoas que já lá andam há alguns anos. Estas, estavam negativamente surpreendidas com a falta de adesão a estes campeonatos. As inscrições eram menos de metade, em relação ao ano anterior. E vêm a diminuir ano após ano!
Apesar disso constatei a paixão, vontade de superação (mesmo aos 92 anos), resiliência e alegria partilhada por grande parte dos nadadores presentes. Estes campeonatos pretendem ser uma festa da natação, com antigas glórias nacionais e internacionais. Atletas que no seu age representaram a seleção nacional em europeus, mundiais e jogos olímpicos e que nunca perderam a paixão pelo seu desporto.
No entanto, ao falar com muitos deles ficou claro que um denominador comum para a sua presença no próximo ano era o dinheiro. A saúde também, é verdade, no entanto falavam mais na capacidade financeira que teriam para suportar a sua prática anual assim como estas deslocações e estadias.
Se todos nós entendemos a prática regular de exercício como um dos pilares para a saúde, como é que os apoios e incentivos à prática se ficam pelos escalões mais jovens? No caso, desta modalidade os apoios à prática vão até ao escalão juvenil/junior, se não me engano. Não acho que deva ser tudo de borla, é certo. Mas também julgo que o caro leitor concordará comigo quando digo que apoiar o desporto nos escalões mais velhos poderá ser uma excelente ferramenta de promoção de saúde e longevidade.
Estes campeonatos para além de serem excelentes a nível competitivo, são ainda mais incríveis a nível social. Afinal de contas, quem não gostaria de conhecer um atleta olímpico ou conhecer nadadores que treinavam no mar porque não havia muitas piscinas na sua altura? Perceber que cerca de 10 nadadores com mais de 70 anos ficavam atrás do bloco de partidas a comentar cada prova que acontecia e debatiam entre si a técnica individual de cada atleta e os seus tempos, comparando-os com a sua altura.
Para finalizar, enaltecer o papel da comitiva madeirense que arrecadou inúmeras medalhas e partilhou momentos inesquecíveis. Ressalvar que apesar desta competição ter uma componente festiva muito grande é sempre importante enaltecer o trabalho e empenho dos nadadores que viajam da sua ilha, abdicam de férias, pagam estadia e alimentação sem qualquer patrocínio e apoio externo, por acreditarem que o seu legado poderá e deverá inspirar futuros masters a se manterem saudáveis.
O desporto não acaba aos 18 anos, a natação não acaba aos 16 anos. Apoiem o desporto e enalteçam os atletas amadores, esses sim, fazem-no por amor à camisola e por gosto pelo exercício.
A saúde física é fundamental, a saúde mental é inegável e a saúde financeira é importantíssima para assegurar as duas anteriores.