Zelensky pede à Europa para "retaliar" contra "guerra do gás" da Rússia
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelou hoje à Europa para "retaliar" contra a "guerra do gás" da Rússia, pedindo um reforço das sanções europeias contra Moscovo.
"Hoje ouvimos ameaças do gás contra a Europa. Apesar da concessão das turbinas para o [gasoduto] Nord Stream, a Rússia não vai retomar o fornecimento de gás aos países europeus, como é contratualmente obrigada a fazer", disse Zelensky na sua mensagem de vídeo diária, citada pela agência France-Presse (AFP), onde comentou o anúncio da Gazprom de fazer um novo corte drástico no fornecimento de gás à Europa.
Zelensky abordou as duas reduções do fornecimento de gás por Moscovo em junho, quando a estatal Gazprom alegou que não poderia funcionar normalmente sem uma turbina que estava a ser alvo de uma manutenção no Canadá e que ainda não tinha regressado à Rússia devido às sanções impostas pelo Ocidente.
Desde então, Alemanha e Canadá acordaram a devolução do equipamento, mas a turbina ainda não foi entregue.
"Esta é uma guerra do gás que a Rússia está a travar contra uma Europa unida. Não se importam com o que acontece às pessoas, como sofre -- de fome devido ao bloqueio dos portos, do frio do inverno ou da sua pobreza, ou da ocupação. Estas são apenas diferentes formas de terror", vincou o chefe de Estado ucraniano.
"É por isso que tem de ripostar. Não pensem em como trazer a turbina de volta, mas em reforçar as sanções", sublinhou.
O Ocidente acusa Moscovo de utilizar o fornecimento de gás como uma arma energética como retaliação às sanções adotadas após a ofensiva contra a Ucrânia.
O gasoduto Nord Stream, que liga a Rússia à Alemanha através do mar Báltico, é estratégico para o fornecimento de gás à Europa, que depende fortemente dos recursos energéticos russos.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de 5.100 civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,9 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.