Pelo menos 471 mortos, feridos ou desaparecidos no Haiti entre 8 e 17 de Julho
Pelo menos 471 pessoas morreram, ficaram feridas ou desapareceram devido à violência de gangues na Cité Soleil, o bairro mais pobre de Porto Príncipe, capital do Haiti, entre 08 e 17 de julho, anunciaram hoje as Nações Unidas.
"Foram também relatados graves incidentes de violência sexual contra mulheres e raparigas, bem como rapazes que têm sido recrutados por gangues", referiu a ONU num comunicado hoje partilhado no seu portal e citado pela agência noticiosa espanhola Efe.
Segundo o documento, cerca de 3.000 pessoas abandonaram as suas casas, "incluindo centenas de crianças que seguiam sós" e "pelo menos 140 casas foram destruídas ou incendiadas".
As várias agências das Nações Unidas iniciaram no dia 19 a entrega de vários itens de ajuda, como mais de 1.400 'kits' de higiene pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), 312.000 litros de água pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) ou alimentos que poderão alimentar 7.000 pessoas durante uma semana pelo Programa Alimentar Mundial.
No passado dia 16, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos anunciou que tinha registado 934 assassinatos, 684 feridos e 680 sequestros no período de janeiro até final de junho deste ano.
Nos últimos dois anos, os gangues multiplicaram o número de sequestros que se registam naquela cidade, apontando a pessoas de todas as origens socioeconómicas e nacionalidades.
O facto de gozarem de ampla impunidade permitiu aos grupos criminosos aumentarem as suas ações ao longo das últimas semanas, tendo sido registados pelo menos 155 sequestros em junho, contra 118 em maio, informou o Centro de Análise e Pesquisa em Direitos Humanos no seu último relatório, divulgado quarta-feira.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou, este mês, por unanimidade, uma resolução que exorta os Estados-membros a deixar de transferir armas pequenas e ligeiras e munições para organizações que apoiem os gangues violentos ou atividades criminosas.
A China propôs uma versão de texto que previa um embargo de armas ao país, mas outros membros do Conselho de Segurança consideraram que isso não seria exequível.
A redação redigida pelos Estados Unidos e pelo México, que foi aprovada por 15 votos e não registou votos contra, exige a cessação imediata da violência dos gangues e das atividades criminosas.
A resolução também expressa a vontade do Conselho de Segurança de impor sanções, como proibir viagens e congelar bens "conforme necessário" a pessoas envolvidas ou que apoiem a violência de gangues.