Guerra é também "contra a unidade da Europa"
O Presidente da Alemanha disse hoje, durante um discurso em Paderborn, no oeste do país, que a guerra que a Rússia está a travar contra a Ucrânia é "uma guerra contra a unidade da Europa".
"A guerra que Putin está a travar contra a Ucrânia é também uma guerra contra a unidade da Europa; não nos devemos deixar dividir, não devemos permitir que a grande obra de uma Europa unida que começámos tão promissoramente seja destruída", disse Frank-Walter Steinmeier.
"Esta guerra não é apenas sobre o território da Ucrânia, é sobre o fundamento duplamente comum dos nossos valores e da nossa ordem pacífica", acrescentou o chefe de Estado alemão, citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).
No discurso, Steinmeier alertou que defender estes valores significa também estar preparado para "aceitar desvantagens significativas", que não explicitou.
"Estamos prontos para isso? Estamos todos perante esta questão, hoje e nos dias, semanas e meses vindouros", salientou, concluindo que "a Rússia não está apenas a desafiar fronteiras, não está apenas a ocupar os territórios de um Estado vizinho independente e soberano, está mesmo a desafiar o estatuto de Estado da Ucrânia".
As declarações do Presidente da Alemanha surgem dois dias depois do acordo assinado sexta-feira em Istambul entre a Rússia e a Ucrânia, sob a égide da ONU, que prevê o estabelecimento de "corredores seguros" para permitir a circulação no Mar Negro de navios mercantes, que Moscovo e Kiev se comprometem a não atacar.
O objetivo é permitir a exportação de 20 a 25 milhões de toneladas de cereais atualmente bloqueados na Ucrânia e facilitar as exportações agrícolas russas, reduzindo assim o risco de uma crise alimentar global, particularmente em África.
No âmbito deste acordo, a Rússia obteve garantias de que as sanções ocidentais não se aplicarão, direta ou indiretamente, às suas exportações de produtos agrícolas e fertilizantes.
A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,9 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A organização internacional tem observado o regresso de pessoas ao território ucraniano, mas adverte que estão previstas novas vagas de deslocação devido à insegurança e à falta de abastecimento de gás e água nas áreas afetadas por confrontos.
Também segundo as Nações Unidas, mais de 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.