A Guerra Mundo

Rússia abriu mais de 3.300 processos por "desacreditação" do exército

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A polícia russa abriu mais de 3.300 casos contra cidadãos por "desacreditarem" o exército, avançou hoje a organização não-governamental Setevye Svobody acerca do delito que entrou em vigor em março para silenciar os críticos da ofensiva na Ucrânia.

De acordo com esta organização, que presta assistência jurídica às vítimas da repressão política na Rússia, este número foi calculado com base em dados do ministério do Interior russo entre 04 de março e 14 de julho.

"Em média, a polícia russa emite 35 relatórios por dia por desacreditar o exército", revelou a Setevye Svobody na sua conta no Telegram.

Desacreditar o exército pode levar a multas até 100.000 rublos (1.700 euros) para um cidadão e até um milhão de rublos (17.000 euros) para uma pessoa coletiva. Cabe a um tribunal, após audiência, fixar a multa.

Segundo a organização não-governamental, os tribunais russos já ordenaram mais de 1.500 multas por desacreditação do exército, num total de mais de 50 milhões de rublos (845.000 euros). Paralelamente, cerca de 200 pessoas que denunciaram a invasão da Ucrânia foram alvo de processos penais na Rússia, implicando pesadas penas de prisão.

No dia 08 de julho, um conselheiro municipal de Moscovo, Alexei Gorinov, foi condenado a sete anos de prisão por "divulgação de informações falsas" sobre o exército russo, após condenar publicamente o ataque à Ucrânia.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de 5.100 civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,9 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU. Também segundo as Nações Unidas, mais de 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.