Chefe do MI6 diz que capacidade de espionagem russa foi reduzida a metade
O chefe da agência de serviços secretos britânica MI6, Richard Moore, afirmou hoje que a capacidade de espionagem russa na Europa foi reduzida a metade após a expulsão de mais de 400 agentes.
Num discurso durante o Fórum de Segurança realizado em Aspen, no estado norte-americano de Colorado, citado hoje pela CNN, Moore assegurou que é por causa disso que a invasão russa da Ucrânia está "a perder força".
A expulsão de agentes e a prisão de vários espiões disfarçados de civis em todo o continente "provavelmente reduziu a metade a capacidade da Rússia de espiar na Europa", acrescentou.
Sobre a situação na Ucrânia, o britânico disse acreditar que a Rússia "fracassou significativamente" nos seus objetivos iniciais de tomar a capital, Kiev, e derrubar o governo ucraniano.
A Rússia está atualmente a usar tropas como "carne para canhão" na ofensiva para conquistar o controlo do leste da Ucrânia, disse Moore.
Os russos terão cada vez mais dificuldade em reunir mais tropas nas próximas semanas e por isso, "de alguma forma eles terão que fazer uma pausa e isso dará aos ucranianos a oportunidade de contra-atacar", disse o chefe do MI6.
Ele garantiu que os ucranianos permanecem com a moral em alta e que "estão a começar a receber quantidades crescentes de bom armamento" dos aliados ocidentes.
Quanto aos rumores sobre a saúde do Presidente russo, Moore assegurou que "não há provas de que [Vladimir] Putin esteja a sofrer de graves problemas de saúde".
Em novembro, no primeiro discurso público desde que assumiu a liderança do MI6, em outubro de 2020, Moore disse que a Rússia era um dos "quatro grandes" problemas de segurança que os espiões britânicos enfrentam.
Numa intervenção no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em Londres, ele afirmou que o Reino Unido continua a "enfrentar uma ameaça grave da Rússia", lembrando como Moscovo apadrinhou tentativas de homicídio, como o envenenamento do ex-espião Sergei Skripal em Inglaterra em 2018, promove ataques cibernéticos e tenta interferir nos processos democráticos de outros países.
"Nós, os nossos aliados e parceiros devemos enfrentar e travar as atividades russas que violam o sistema internacional baseado em regras", defendeu o chefe do MI6.
Até 1992 o governo britânico recusou-se a confirmar a existência do MI6, organização que se tem tornado cada vez mais aberta nos últimos anos, permitindo até a publicação de uma história autorizada, embora só vá até 1949.
O MI6 passou a nomear publicamente um responsável, que usa o nome de código C, na década de 1990, e Richard Moore é o primeiro chefe do serviço com uma conta no Twitter.