Turquia avisa que nunca pede autorização para as suas operações militares
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Mevlut Cavusoglu, disse hoje que o seu país "nunca pede permissão" a alguém antes de lançar uma operação militar na Síria.
"Nós podemos trocar ideias, mas nunca pedimos e nunca pediremos autorização para as nossas operações militares contra o terrorismo", declarou o ministro turco.
"Pode acontecer do dia para a noite, inesperadamente", acrescentou Cavusoglu.
Durante uma cimeira tripartida com o Irão e a Rússia na terça-feira, em Teerão, o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que ameaça realizar uma operação militar turca na Síria desde maio, disse contar com o "apoio da Rússia e do Irão na luta contra o terrorismo".
Entretanto, os seus homólogos russo e iraniano já declararam que são claramente contrários a qualquer operação no nordeste da Síria que pudesse prejudicar a região.
O ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Faisal Mekdad, em visita ao Irão, disse na quarta-feira que Erdogan não conseguiu obter apoio iraniano ou russo para uma ofensiva militar na Síria, que ameaça iniciar desde maio.
Os objetivos de Erdogan "não foram alcançados após discussões e pontos de vista afirmados por amigos iranianos e russos", disse Faisal Mekdad, numa conferência de imprensa, em Teerão.
Rússia, Irão e Turquia são os principais protagonistas no conflito desencadeado na Síria em 2011, Teerão e Moscovo apoiam o regime de Bashar al-Assad e Ancara apoia os rebeldes.
Para o chefe da diplomacia síria, qualquer incursão turca desencadearia "outro tipo de conflito" entre os dois países.
Desde 2016, a Turquia lançou três grandes operações militares na Síria, em sua fronteira sul, visando milícias e organizações curdas, e uma ofensiva no início de 2020 contra as forças do regime sírio.
Parte do norte da Síria é controlada pelas Unidades de Proteção Popular (YPG), a principal milícia curda na Síria considerada por Ancara um braço do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), classificado como organização terrorista pela Turquia, mas também pelos Estados Unidos e a União Europeia (UE).