CIA diz que China está a aprender lições com guerra na Ucrânia para invadir Taiwan
A China está a aprender com a guerra da Rússia na Ucrânia com vista à preparação de uma ofensiva contra Taiwan, disse na quarta-feira o diretor dos serviços de inteligência norte-americanos CIA, Bill Burns.
"A questão não é saber se a liderança chinesa vai optar por usar a força contra Taiwan, nos próximos anos, mas antes quando e como o farão", disse Burns, durante uma intervenção no Fórum de Segurança de Aspen, nos Estados Unidos.
O diretor relativizou o risco de o Presidente chinês, Xi Jinping, invadir Taiwan antes do final deste ano, o que alguns analistas consideram ser possível, após o XX Congresso do Partido Comunista Chinês, que se realiza no outono.
"Esse risco parece estar a aumentar ao longo da década", observou.
O diretor da CIA disse que a China provavelmente ficou "perturbada" ao assistir à guerra na Ucrânia, que considerou um "falhanço estratégico" para o líder russo, Vladimir Putin.
Pequim viu na invasão russa uma prova de que "não se conseguem vitórias rápidas e decisivas" sem ter a capacidade militar suficiente.
"Acho que a lição que os líderes chineses estão a aprender é que é necessário reunir uma força amplamente dominante" para vencer, frisou.
O diretor da CIA considerou também, em linha com declarações anteriores de Washington, que a China, apesar do seu apoio tácito, não presta apoio militar à Rússia na guerra na Ucrânia.
Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista tomar o poder no continente em 1949, assume-se como República da China, e funciona como uma entidade política soberana.
No entanto, Pequim considera Taiwan uma província sua e ameaça usar a força caso a ilha declare independência. Nos últimos anos, as incursões de aviões militares chineses na zona de defesa aérea da ilha intensificaram-se.
No mesmo Fórum em Aspen, o embaixador chinês nos Estados Unidos disse que Pequim continua a apoiar a "reunificação pacífica".
"Sem conflito, sem guerra: este é o consenso mais importante entre a China e os Estados Unidos", sublinhou Qin Gang, que, no entanto, disse lamentar que os Estados Unidos estejam a "apagar" gradualmente a sua política de reconhecimento de Pequim como o único governo legítimo da China.
"Somente respeitando fielmente a política de 'Uma só China' e opondo-se à independência de Taiwan podemos ter uma reunificação pacífica", acrescentou.