Líbia volta a exportar petróleo
A Líbia voltou a exportar petróleo, o que acabou com uma ausência do mercado que durava há meses.
O regresso das exportações sucede ao reinício da produção petrolífera, depois do afastamento do presidente da companhia estatal do petróleo por um dos governos rivais do país.
Um petroleiro com a bandeira de Malta, o Matala, esteve a carregar no terminal Al-Sidra, para se dirigir depois a Itália.
Outros dois petroleiros, com bandeira das Ilhas Marshall, o Nissos Sifnos, e da Libéria, o Crudemed, devem carregar nos terminais de Zueitina Ras Lanuf, segundo a empresa estatal.
Na semana passada, a empresa estatal tinha levantado o impedimento declarado em abril em várias instalações petrolíferas, depois de líderes tribais, alinhados com o marechal Khalifa Haftar, que controla o leste do país, as terem encerrado.
Na sexta-feira, grupos que bloqueavam importantes locais petrolíferos no leste da Líbia desde há três meses anunciaram a retoma da produção e da exportação dos hidrocarbonetos, principal fonte de rendimentos do país minado pelas tensões políticas.
Desde meados de abril, seis jazidas e terminais petrolíferos principais estavam fechados por ação de grupos próximos do campo do leste, que reclamam uma "repartição equitativa" das receitas do petróleo.
A produção, que é exportada praticamente na totalidade, caiu para menos de 400 mil barris por dia, que comparam com cerca de um milhão em março.
"O novo conselho de administração da Companhia Nacional de Petróleo (NOC, na sigla em Inglês) comprometeu-se a satisfazer as nossas as nossas pretensões, designadamente uma repartição equitativa das receitas petrolíferas (...). Decidimos reabrir os campos e os terminais, autorizando-os a retomar a produção e a exportação", anunciaram em Bengasi os membros destes grupos, na presença do presidente da NOC, Farhat Bengdara.
Este, um banqueiro nomeado por decreto pelo chefe do governo de Tripoli, na parte ocidental, Abdelhamid Dbeibah, assumiu funções na quinta-feira, mas o seu antecedente, Mustafa Sanalla, no cargo desde há oito anos, contestou a sua demissão.
"A NOC declara o levantamento da força maior sobre todas as jazidas e todos os portos petrolíferos líbios a partir de sexta-feira, 15 de julho", anunciou Bengdara, que se encontrava em Bengasi, autorizando o regresso da atividade nestes locais sitiados na região designada 'Crescente Petrolífero', no leste, que está de facto sob controlo do marechal Khalifa Haftar.
O 'estado de força maior' permite uma exoneração de responsabilidade da NOC, em caso de não-respeito dos contratos de fornecimento de petróleo.
Dotada das maiores reservas petrolíferas de África, a Líbia está mergulhada no caos desde a queda do regime de Mouammar Kadhafi, em 2011, e abalada por divisões entre as partes leste e oeste.
Dois governos disputam o poder desde março: um, baseado em Tripoli, dirigido por Dbeibah, desde 2021, e outro conduzido por Fathi Bachagha, apoiado por Haftar.
Segundo vários analistas, a superação do impasse é o fruto de um acordo de circunstância entre Dbeibah e Haftar, que teve como condição a saída de Sanalla, um tecnocrata respeitado pela comunidade internacional.
Segundo fontes diplomáticas ocidentais, o acordo previa a reabertura das instalações por Haftar, em troca de parte das receitas das exportações.
O novo dirigente da NOC é considerado próximo dos Emirados Árabes Unidos, que apoia o grupo de Bengasi.
Dbeibah saudou o levantamento do bloqueio, considerando "importante que isso se reflita na melhoria do estado da rede elétrica e do fornecimento de combustível".