Vice-presidente do Parlamento Europeu apela ao diálogo com a China
A vice-presidente do Parlamento Europeu, Nicola Beer, reuniu-se hoje com a líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, e pediu que a China abra um "diálogo mútuo e respeitoso" com o território.
Beer enfatizou a importância de Taiwan "à escala global" e apelou que a ilha possa participar na Organização Mundial da Saúde e que a União Europeia (UE) melhore a sua representação em Taipé.
Reafirmou o apoio ao direito de Taiwan de determinar o seu próprio futuro, face às crescentes ameaças chinesas de anexar a ilha à força, dizendo que Pequim deve "abster-se de gestos ameaçadores".
"Taiwan merece desempenhar plenamente esse papel como parceiro internacional global, estratégico, responsável e confiável", disse Beer a Tsai.
"Somente o povo de Taiwan pode decidir sobre o futuro de Taiwan", defendeu.
A vice-presidente do Parlamento Europeu afirmou que a China deve "ter uma parte ativa e construtiva na manutenção e garantia do 'status quo' atual, com base no diálogo mútuo e respeitoso".
Tsai elogiou as crescentes relações económicas entre Taiwan e a UE e a aprovação de 20 resoluções no Parlamento Europeu desde o início de 2021 favoráveis a Taipé.
"Em nome do povo de Taiwan, gostaria de aproveitar esta oportunidade para estender a nossa sincera gratidão à vice-presidente Beer", disse a líder de Taiwan.
A alemã Beer é um dos 14 vice-presidentes do Parlamento Europeu, cujos membros são eleitos entre os 27 estados-membros da UE e que exercem poderes legislativos e de supervisão sobre o executivo do bloco, a Comissão Europeia.
Os seus membros são conhecidos por assumir posições independentes em relação às relações externas, Direitos Humanos e meio ambiente.
Pequim cortou todos os contactos com Taipé após a eleição de Tsai, em 2016, devido à sua recusa em reconhecer que Taiwan faz parte da China e aos seus esforços para construir uma identidade taiwanesa independente.
Na terça-feira, o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, condenou a visita de Beer a Taiwan e a adoção de resoluções pró - Taiwan pelo Parlamento Europeu.
"Esta é uma grave violação do princípio de 'Uma só China' e envenenou as relações China -- Europa", disse Zhao, referindo-se à insistência da China de que Taiwan não tem direito ao reconhecimento diplomático independente.
"Pedimos à UE que respeite seriamente o princípio de 'Uma só China' e seja prudente em questões relacionadas a Taiwan, de modo a evitar graves danos nas relações China - UE", acrescentou.
A China garantiu ainda na terça-feira que responderá com "medidas fortes" se a presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, visitar Taiwan no próximo mês, uma possibilidade avançada na terça-feira pelo jornal Financial Times, mas não confirmada nem negada por Pelosi ou a sua equipa.
Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista tomar o poder no continente em 1949, assume-se como República da China, e funciona como uma entidade política soberana.
No entanto, Pequim considera Taiwan uma província sua e ameaça usar a força caso a ilha declare independência.
Atualmente, Taiwan mantém relações diplomáticas oficiais com 14 países: Guatemala, Honduras, Cidade do Vaticano, Haiti, Paraguai, Reino de Essuatíni, Tuvalu, Nauru, São Vicente e Granadinas, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, Belize, Ilhas Marshall e Palau.