UE expressa a Pretória apoio ao esforço de paz regional
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, expressou hoje a Pretória o apoio da Europa ao esforço de paz da África Austral na estabilização da situação de segurança no norte de Moçambique, palco de violência rebelde.
No final do encontro bilateral na capital sul-africana, o Presidente Cyril Ramaphosa manifestou-se "encorajado" pela expressão de apoio da UE aos esforços de paz da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), em curso no norte do país vizinho, referiu em comunicado a Presidência da República da África do Sul, sem avançar detalhes.
"A África do Sul, a UE e a SADC partilham a obrigação comum de assegurar a paz e a estabilidade duradouras na região e no resto de África", adiantou.
Ramaphosa recebeu hoje o presidente do Conselho Europeu na sua residência oficial em Mahlamba Ndlopfu, Pretória, a capital do país.
De acordo com as autoridades de Pretória, a reunião bilateral "centrou-se na consolidação da parceria estratégica África do Sul-UE e na discussão de questões-chave de comércio e paz e segurança".
A África do Sul e a União Europeia (UE) ratificaram uma parceria estratégica em 2004, no âmbito do Acordo de Comércio, Desenvolvimento e Cooperação (TDCA, na sigla em inglês). A UE é o maior parceiro comercial da África do Sul enquanto bloco regional.
"Desde a adoção do TDCA, o comércio total aumentou de 150 mil milhões de rands [9 mil milhões de euros] em 2000 para 843 mil milhões de rands [50,9 mil milhões de euros] em 2021. As exportações para a UE aumentaram de forma constante ao longo dos anos, passando de 64 mil milhões em 2000 [3,8 mil milhões de euros] para 482 mil milhões de rands [29,1 mil milhões] em 2021", refere-se no comunicado da Presidência da República sul-africana, a que a Lusa teve acesso.
"Durante o mesmo período, as importações da UE também aumentaram de 86 mil milhões de rands [5,1 mil milhões de euros] em 2000 para 361 mil milhões [21,8 mil milhões de euros] em 2021", adiantou.
Nesse sentido, as partes abordaram a "resolução urgente" da exportação de citrinos para a Europa, assim como um plano para o desenvolvimento da capacidade de produção de fertilizantes no continente africano, segundo as autoridades sul-africanas. A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a SADC permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio.