Presidente do PSD desafia Governo a alargar apoio ao cabaz alimentar até final do ano
O presidente do PSD desafiou hoje o Governo a alargar o apoio ao cabaz alimentar e pagar pelo menos 60 euros mensais até final do ano às famílias mais vulneráveis, e a aumentar o universo de beneficiários.
Em entrevista à CNN Portugal, a primeira desde que o Congresso do PSD o consagrou como líder, Luís Montenegro estimou que esta medida teria um custo de 500 milhões de euros, considerando os 64 milhões de euros que o Governo gastou em cada uma das duas vezes que aprovou a medida "uma ninharia".
Montenegro voltou a acusar o Governo de não estar a utilizar o excedente orçamental que terá no final do ano na arrecadação de impostos devido à inflação -- que calculou entre 3.500 e 7.000 milhões de euros -- no apoio às famílias mais afetadas pelos aumentos de preços.
"O primeiro-ministro, além de não estar a utilizar este excedente orçamental, e de estar a ter uma conduta social e politicamente imoral (...) ainda vende a ilusão aos pensionistas de que para o ano é que vai ser, porque vão ter um aumento significativo das pensões, mas que decorre da lei", criticou.
Luís Montenegro desafiou o Governo a dizer se pretende, com este excedente, diminuir o défice ou a dívida, deixando entender que não seria essa a sua opção se fosse primeiro-ministro.
"Eu digo qual é a minha opção, qual é a opção do PSD. Não, num contexto em quando as pessoas têm um cabaz alimentar onde há produtos que sobem 10 a 20%, outros a 50%, a grande responsabilidade do Estado é aproveitar este excedente e fazer o retorno à sociedade para os que mais precisam", disse.
Instado a concretizar o que faria o PSD, Montenegro partiu do apoio ao cabaz alimentar já aprovado pelo Governo em duas ocasiões, de 60 euros para as famílias mais vulneráveis (as abrangidas pela tarifa social de eletricidade ou que recebem prestações sociais mínimas).
"Eu não dava 60 euros de dois em dois meses, eu dava pelo menos 60 euros todos os meses e até final do ano (...) Até pode dar o dobro todos os meses a estes agregados ou pode estender a medida a outros agregados familiares que não se enquadrem na tarifa social de eletricidade ou nos que têm prestações mínimas", explicou.
O presidente do PSD contabilizou que, se o Governo gastar 60 euros até final do ano nos meses ainda não cobertos pelo apoio -- de setembro a dezembro -- e, se duplicar o apoio, gastaria 500 milhões de euros.
"Não estamos a agravar as contas públicas nem a pedir um esforço especialmente robusto aos Estado, mas estamos a tratar da vida das pessoas que, no final do mês, não vão ter dinheiro para pagar as despesas básicas", defendeu.