Fogo destruiu 1.450 hectares nos concelhos do Fundão e da Covilhã
O incêndio que começou no domingo no Fundão, que alastrou ao território da Covilhã e que hoje está em fase de resolução provocou "prejuízos muito elevados" e terá destruído 1.450 hectares nos dois concelhos, segundo os dados recolhidos pelos municípios.
Em declarações hoje à agência Lusa, o presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, explicou que houve ainda registo de três feridos ligeiros (dois bombeiros e um civil), com queimaduras, e uma família desalojada, além dos restantes prejuízos.
O autarca vincou que o levantamento de todos os prejuízos ainda está a ser realizado, mas adiantou que o primeiro balanço já mostra "perdas muito consideráveis" em vários domínios, bem como uma área ardida que, no conjunto dos dois concelhos, deverá rondar os 1.450 hectares.
"Estamos a falar de uma área muito grande, que apanhou uma vertente florestal e também agrícola e, como tal, obviamente os prejuízos vão ser muito grandes. Para além disso, o fogo entrou nas zonas periurbanas, em que arderam hortas e quitais", disse.
Segundo acrescentou, no combate às chamas houve três feridos ligeiros (dois bombeiros e um civil), com situações de queimaduras.
Lembrando que nas primeiras horas houve habitações em perigo e que em muitos casos as chamas chegaram a colar às casas e a destruir totalmente os quintais e zona circundante, Paulo Fernandes sublinhou que há prejuízos no edificado urbano e que várias propriedades rurais e agrícolas das freguesias da Fatela (onde o fogo começou), Valverde e Pero Viseu foram consumidas pelas chamas.
Especificou ainda que há registo de uma família que ficou desalojada porque a quinta em que residia ardeu totalmente, sendo que estas pessoas foram acolhidas por amigos e estão a ser acompanhadas pelos serviços municipais.
De resto, o incêndio também destruiu zonas de floresta e áreas de cultivo, nomeadamente olivais, pomares de cerejeiras, pessegueiros e macieiras, bem como pequenas hortas e muita forragem para a alimentação dos animais.
Arderam ainda vários anexos e pavilhões agrícolas, bem como maquinaria, veículos e alfaias.
Os prejuízos abarcam ainda vários animais que morreram e danos nas infraestruturas públicas e, principalmente, nos sistemas de rega.
Frisando que grande parte do incêndio decorreu na área do Regadio da Cova da Beira, Paulo Fernandes apontou que a avaliação também vai ter em conta eventuais danos no próprio sistema do regadio.
O autarca referiu ainda que este foi o maior incêndio desde 2017 (quando as chamas consumiram boa parte da Serra da Gardunha).
Paulo Fernandes deixou o apelo para que possa haver ajudas que englobem a componente pública e os privados, e adiantou que a autarquia irá comunicar os prejuízos às diferentes entidades e ministérios e apresentar os respetivos pedidos de apoio.
Esclareceu ainda que estão a ser verificadas as situações "mais dramáticas e urgentes" para encontrar soluções com o município.
Uma garantia que também é deixada por Vítor Pereira, presidente da Câmara da Covilhã, concelho que também foi afetado por este fogo, designadamente na freguesia do Ferro, onde as chamas queimaram "uma vasta área" de cultivo.
"Lamentavelmente, temos prejuízos muito elevados, muito elevados. De forma muito sumária, podemos já dizer que há vários hectares de cerejeiras afetados, colmeias que se perderam, bem como 11 hectares de castanheiros jovens", afirmou Vítor Pereira, ressalvando que o levantamento detalhado está agora a ser realizado.
O autarca reiterou ainda o apelo para que haja os auxílios: "Já falei para o gabinete do primeiro-ministro, dando nota da gravidade destes prejuízos e do impacto que eles têm na vida destas pessoas, famílias e empresas e da economia local".
"É muito dramático que as pessoas passem uma época inteira ou até uma vida inteira a trabalharem para depois perderem o fruto do seu trabalho e as suas vidas altamente prejudicadas", acrescentou.
Este incêndio deflagrou no domingo, às 14:30, na Fatela, concelho do Fundão, e acabou por alastrar ao concelho da Covilhã, tendo sido dado como dominado na segunda-feira, às 13:25.
Hoje, cerca das 15:30, mantinham-se no terreno 167 operacionais auxiliados por 53 veículos, de acordo com informação disponível no 'site' da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).