Medvedev ameaça Kiev com "dia do juízo final" em caso de ataque à Crimeia
O ex-Presidente russo Dmitri Medvedev, actual vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação da Rússia, ameaçou hoje a Ucrânia com a chegada do "dia do juízo final", caso as autoridades ucranianas ataquem a Crimeia, anexada por Moscovo em 2014.
"As consequências [do eventual ataque] são óbvias. Se algo semelhante acontecer, o dia do juízo final chegará em breve para todos eles [ucranianos]. Será muito rápido e muito duro", disse Medvedev, chefe de Estado da Rússia entre 2008 e 2012, durante uma reunião com veteranos da Segunda Guerra Mundial em Volgogrado, antiga Estalinegrado.
No seu discurso, divulgado pela agência RIA Nóvosti, o político russo garantiu que os objetivos da campanha militar do Kremlin, iniciada em 24 de fevereiro, "vão ser cumpridos".
"Podem ter a certeza de que os objetivos desta operação vão ser cumpridos. Estão relacionados com a eliminação... das ameaças ao nosso país", disse.
De acordo com o ex-Presidente russo, isso abrange também os países ocidentais que "alimentam o regime" de Kiev com dinheiro e armas.
O senador russo Andrei Klishas havia já pedido a "desmilitarização" e a "desnazificação" de toda a Ucrânia devido às ameaças das autoridades ucranianas em atacar a Crimeia.
"Ameaças (...) de atacar a Crimeia ou o porto da Crimeia provam que toda a Ucrânia deve ser desnazificada e desmilitarizada, porque, caso contrário, haverá sempre uma ameaça ao nosso território, aos nossos cidadãos e à nossa infraestrutura", escreveu no serviço de mensagens Telegram.
No passado, fontes do Ministério da Defesa ucraniano não descartaram a possibilidade de usar o sistema de mísseis norte-americano HIMARS, que Kiev começou a receber em junho, para atacar alvos militares na Crimeia.
O conselheiro presidencial ucraniano Oleksiy Arestovych também havia dito que a ponte da Crimeia, como fonte de abastecimento para as tropas russas, pode tornar-se alvo de um ataque assim que Kiev tiver essa "possibilidade técnica".
Arestovych acrescentou que Kiev continua fiel à promessa de não atingir o território russo, no caso de receber armas sofisticadas, mas enfatizou que "há muitos alvos [russos] no território ucraniano".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de cinco mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,7 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
Também segundo as Nações Unidas, 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.