Caminhada no Porto Moniz juntou a gastronomia com a história
A Associação do Caminho Real da Madeira promoveu, este sábado, em parceria com a Confraria Enogastronómica da Madeira, uma caminhada no Porto Moniz que permitiu juntar ao passeio cultural, a história e gastronomia nortenha.
O grupo, com cerca de meia centena de participantes, reuniu-se junto ao Forte de São João Batista, onde foi dado o contexto histórico da localidade, outrora pertença da capitania de Machico, sendo um dos dois únicos portos da costa norte da Ilha da Madeira, no que diz respeito ao início da povoação, às principais actividades económicas ali desenvolvidas e aos transportes e relações comerciais.
Na zona urbana do Porto Moniz (outrora chamada de 'Janela de Santa Clara') passou-se ao lado de um edifico outrora utilizado como cadeia onde residiram presos políticos opositores. Houve a oportunidade de visitar uma antiga mercearia equipada com os expositores e balcão da geração do comércio a retalho, prévia aos supermercados.
O percurso de 8 km pelos caminhos complementares ao Caminho Real 23 permitiu dar a conhecer as antigas fábricas do queijo e da manteiga escavadas na rocha, as ruínas do moinho de água para a moagem de cereais, a velha mercearia da Praça do Lyra e o miradouro da Vigia das Baleias, onde existem relatos da actividade baleeira.
Os Lamaceiros deu a conhecer aos caminheiros a actividade agrícola daquela fértil localidade com uma visita à exploração agrícola de Manuel Lucas, a tradição da debulha do trigo e da aveia, possibilitando ainda a contemplação da Capela de São Pedro fundada no século XVI.
Após a descida da Fajã do Barro a caminhada terminou junto à foz da Ribeira da Janela, local onde existiu o primeiro traiol (estação de processamento rudimentar, onde se extraía o óleo de baleia por meio de panelas de grande dimensão, assentes sobre fogo directo). A pecuária tradicional foi mostrada aos caminheiros, onde assitiram à demonstração de meios artesanais de criação de animais diversos, envolvidos na economia circular em simbiose com a agricultura.
Na Fajã das Contreiras estava reservado o melhor para o final: um magnífico repasto confeccionado pela Confraria Enogastronómica da Madeira, onde foi preparada, a lenha e de acordo com as receitas antigas, a ‘Carne Santa’ (ou Carne da Festa) com batatas, pão caseiro e vinhos locais.
Houve ainda a oportunidade para aprender sobre os diferentes tipos de pão do Porto Moniz e testemunhar a execução do ‘Bolo da Cinza’, um pão preparado nas casas mais humildes, cozido envolto em folhas de couve debaixo das cinzas.
O convívio prolongou-se pela tarde deixando indícios para uma repetição de eventos desta natureza.