Criar (o) futuro (IX)
O envelhecimento da população e a urbanização são dois dos desafios a enfrentar na conjuntura atual.
Pese o facto da maior longevidade ser um reflexo do sucesso verificado ao nível do desenvolvimento humano, nomeadamente em termos da saúde pública, e o crescimento urbano ser consequência do desenvolvimento económico e tecnológico, não podemos descurar o impacto dos mesmos na vida económica e social.
Pensar o futuro exige que se coloque na agenda política estes dois fenómenos e de que forma podemos desenvolver mecanismos que contribuam para ultrapassar os constrangimentos nas estruturas e serviços públicos, de forma a garantir quer a sustentabilidade das cidades quer a qualidade de vida e bem-estar dos seus habitantes.
As pessoas mais velhas, em especial, têm necessidade de viver em meios envolventes que lhes proporcionem apoio e capacitação, para compensar as mudanças físicas e sociais associadas ao envelhecimento. Torna-se, assim, fundamental criar ambientes urbanos que permitam às pessoas idosas uma maior participação cívica na sociedade.
No concelho do Funchal, em que 21,6% da população tem 65 ou mais anos, é preponderante que as políticas sociais tenham no centro das suas ações a população idosa. O envelhecimento ativo não pode ser visto somente como um indicador demográfico, mas antes como um processo contínuo de envolvimento com e nas esferas cívica, cultural e económica. Estratégias que privilegiem o envelhecer ativamente na cidade devem assumir prioridade. Além de melhores acessibilidades e reforço de meios que melhorem a mobilidade, assume também especial relevância a criação de projetos que incentivem a participação social dos idosos.
No âmbito da sua intervenção social, a Sociohabitafunchal, E.M., empresa municipal de habitação da Câmara Municipal do Funchal, dá especial atenção à área dos idosos, com a ênfase no envelhecimento ativo e saudável.
Nesse contexto, surgiu, neste mês de julho, e pela primeira vez, o projeto Vital(idade) - Campo de Férias Sénior. Um projeto social que nasceu da vontade manifestada pelos utentes seniores dos centros comunitários geridos pela Sociohabitafunchal, E.M. em também terem “momentos de férias” diferentes, tal como as crianças, com atividades lúdicas, desportivas e criativas, que estimulassem e promovessem um envelhecimento ativo, responsável e saudável.
O programa de atividades do campo sénior foi desenhado de forma a abarcar diversas áreas, tendo em conta as expetativas e os interesses dos idosos, e, igualmente, estimular a cidadania, a saúde física, cognitiva e mental, o bem-estar e a sua participação na comunidade.
Está dividido em cinco grandes áreas: Literacia Alimentar e Nutricional, que irá trabalhar e fomentar a alimentação saudável e sustentável; Cidadania e bem estar, que tem como objetivo principal fomentar a autoestima e a valorização pessoal dos seniores; História(s) com Arte, que pretende estimular a criatividade e o gosto pela arte e pelas tradições; Música, que pretende trabalhar a concentração e a memória, e; Seniores Ativ@s, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos utentes, promovendo a saúde física e mental, através de atividades desportivas, lúdicas e pedagógicas.
Todos os contributos na implementação de estratégias e programas de intervenção que sejam transversais e de proximidade junto da população idosa assumem especial relevância, no sentido de encarar o envelhecimento populacional não como um problema que acarreta múltiplos constrangimentos, mas como uma conquista civilizacional, que permite olhar para as pessoas mais velhas como uma mais-valia, com um potencial de conhecimento e experiência.
O projeto Vital(idade) assume-se como mais uma iniciativa social, que coloca a tónica na participação ativa e na inclusão de pessoas idosas na vida comunitária, proporcionando-lhes condições de bem-estar e dignidade, contribuindo para que o Funchal seja cada vez mais um concelho justo, equilibrado e geracionalmente sustentável.