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Extremistas responderam à "chamada para a acção" de Trump no assalto ao Capitólio

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A comissão parlamentar que investiga o seis de janeiro traçou hoje uma ligação direta entre a "chamada para a ação" do ex-presidente americano Donald Trump aos seus apoiantes no Twitter e a organização do assalto ao Capitólio.

A 19 de dezembro, o ex-presidente publicou na sua conta oficial de Twitter: "Grande protesto em D.C. a seis de janeiro. Apareçam, vai ser selvagem".

A congressista Stephanie Murphy afirmou, durante a sétima audiência pública da comissão parlamentar, que "este tweet serviu como uma chamada para a ação e nalguns casos uma chamada à tomada de armas". 

A comissão mostrou uma compilação de vídeos de elementos da extrema-direita, incluindo Alex Jones da InfoWars, a anteciparem um banho de sangue. Membros das organizações extremistas Oath Keepers e Proud Boys tomaram as palavras do presidente como uma ordem para o defender. 

Jason Van Tatenhove, um dos aliados do líder dos Oath Keepers Stewart Rhodes, testemunhou presencialmente na audiência e disse que a organização é "uma milícia perigosa" e que foi uma sorte não ter morrido mais gente no assalto. 

Murphy disse que a administração sabia deste potencial para violência e não fez nada para cancelar o comício que precedeu o assalto ao Capitólio. 

A ex-porta-voz da campanha de Trump, Katrina Pierson, trocou mensagens com o ex-chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, expressando o seu receio com o que ia acontecer a 6 de janeiro porque a situação "ficou louca". 

O tweet foi publicado cinco dias depois da certificação dos votos do colégio eleitoral, que confirmaram Joe Biden como presidente-eleito, e numa altura em que nenhum dos processos legais clamando fraude eleitoral -- mais de 60 -- teve seguimento.

A publicação coincidiu com o rescaldo de uma reunião explosiva entre Donald Trump e vários aliados na Casa Branca, incluindo Sidney Powell e Michael Flynn, que decorreu durante seis horas na noite de 18 de dezembro e acabou em gritos e insultos. 

Nessa reunião, foi discutido o rascunho de uma ordem executiva que ordenava ao Departamento de Defesa a captura de todas as máquinas de votos e a nomeação de Sidney Powell como procuradora especial para supervisionar esta operação e instituir processos criminais em resultado. 

O plano era algo a que o advogado da Casa Branca, Pat Cipollone, se opôs com veemência. 

"Ter o governo federal a confiscar máquinas de votos é uma ideia terrível para o país", disse Cipollone num testemunho à porta fechada. "Não é assim que fazemos as coisas", continuou, referindo que "há uma forma de contestar eleições" nos tribunais e que simplesmente não havia evidências de fraude para mudar o resultado da eleição. 

Cipollone disse que, na reunião contenciosa, perguntou repetidamente onde estavam as provas de fraude que Sidney Powell alegava e não obteve respostas concretas. "Havia um desprezo claro pela ideia de fundamentar as alegações". 

A comissão mostrou também o rascunho de um tweet que acabou por não ser publicado na conta de Donald Trump e que anunciava "um grande discurso" para 6 de janeiro e a convocação para marchar até ao Capitólio. 

Isto mostra, segundo a comissão, que a ideia de mandar os manifestantes armados em marcha para o Capitólio não foi um impulso no momento, mas sim algo que já estava planeado de antemão. 

Isso foi confirmado numa mensagem de texto do ativista de extrema-direita Ali Alexander a 5 de janeiro, onde ele escreveu que era suposto Trump mandá-los marchar para o Capitólio no dia seguinte 

A comissão revelou também que Trump teve duas conversas telefónicas com o ex-estratega Steve Bannon a 5 de janeiro. Nesse mesmo dia, Bannon disse no seu programa que as pessoas deviam preparar-se para o que ia acontecer, antecipando uma descida aos infernos com proporções inesperadas. 

Na audiência ouviu-se ainda o testemunho anónimo de um antigo funcionário do Twitter que durante meses fez "tentativas desesperadas" de chamar a atenção para a escalada da retórica tanto de Trump como dos seus seguidores. 

"Tentei fazer ver a realidade de que se não houvesse uma intervenção iam morrer pessoas", afirmou. "A 5 de janeiro, percebi que ninguém ia intervir e estávamos à mercê de uma multidão violenta e armada".