Custo de vida preocupa mais os russos do que a guerra
O aumento dos preços de bens preocupou mais os russos no primeiro trimestre deste ano do que um possível agravamento da guerra na Ucrânia ou um ataque nuclear, segundo um estudo divulgado hoje pelo diário russo Kommersant.
"Após o início da operação militar na Ucrânia, os cidadãos russos estavam mais preocupados com o aumento dos preços", noticiou o jornal sobre o resultado do Índice Nacional de Ansiedade elaborado trimestralmente pela agência de comunicação russa Cros.
As sanções ocidentais e a reação à guerra na Ucrânia, que a Rússia iniciou em 24 de fevereiro, surgem em segundo lugar das preocupações dos russos, com o conflito em si no terceiro lugar, referiu o jornal, citado pela agência russa TASS.
O item "escalada do conflito com o Ocidente (guerra com os EUA e a NATO, a possibilidade de um ataque nuclear)" ocupava a sexta posição, segundo o jornal.
Em estudos anteriores, a obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19 liderava a lista das preocupações dos russos.
Desde a invasão russa da Ucrânia, a União Europeia e vários países ocidentais decretaram sucessivos pacotes de sanções contra a Rússia, incluindo um embargo à compra de petróleo russo até ao final do ano.
Segundo dados da agência de estatísticas russa Rosstat, a inflação na Rússia atingiu 17,8% em abril em termos homólogos, um recorde desde 2002, tendo descido para 17,1% em maio.
Em relação a maio de 2021, os preços dos alimentos continuaram a acelerar para 21,5%, principalmente dos produtos básicos, como açúcar (+61,4%), cereais (+36,3%), massas (+29,2%), e frutas e hortaliças (+26,3%).
Os preços, já em alta devido à pandemia de covid-19 e ao aumento dos preços das mercadorias, aumentaram ainda mais depois das sanções impostas à Rússia.
Para a totalidade do ano, o Banco Central da Rússia previu que a inflação anual poderia chegar a 23%, antes de desacelerar no próximo ano e retornar à meta de 4% em 2024.
No final de maio, o Presidente russo, Vladimir Putin, garantiu que a inflação não ultrapassaria 15% até ao final de 2022.