Putin facilita atribuição da cidadania russa a todos os ucranianos
A Rússia simplificou a obtenção da cidadania russa a todos os ucranianos, alargando uma medida que só era aplicada a residentes nos territórios da Ucrânia ocupados por Moscovo, segundo um decreto presidencial divulgado hoje.
"Os cidadãos da Ucrânia (...) têm o direito de requerer a cidadania da Federação Russa ao abrigo de um procedimento simplificado", lê-se no decreto do Presidente Vladimir Putin, citado pela agência noticiosa francesa AFP.
A medida estende a todos os cidadãos ucranianos um procedimento aprovado em maio para os habitantes das regiões de Zaporijia e Kherson, que a Rússia tem controlado em grande parte desde que invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro deste ano.
As autoridades pró-Moscovo em ambas as regiões já anunciaram que estão a preparar um referendo sobre a anexação russa, à semelhança do que aconteceu com a península ucraniana da Crimeia, que a Rússia anexou em 2014.
A Rússia também já estava a permitir o acesso à cidadania russa aos residentes das regiões de Lugansk e Donetsk, que Putin reconheceu como independentes da Ucrânia na véspera da invasão.
As autoridades russas têm sido acusadas de entregar passaportes a cidadãos de países vizinhos para consolidar a sua influência.
Antes da Ucrânia, Moscovo adotou o mesmo procedimento nas regiões separatistas da Ossétia do Sul e Abcásia, na Geórgia, e Transnístria, na Moldova.
A Ucrânia, a Geórgia e a Moldova são ex-repúblicas soviéticas com ambições pró-ocidentais.
Ao lançar a ofensiva na Ucrânia, Putin disse que estava a responder a um pedido de ajuda de Donetsk e Lugansk, que integram a região do Donbass, no leste do país.
As duas regiões separatistas estavam em guerra com as autoridades de Kiev desde 2014, com apoio de Moscovo.
A generalidade da comunidade internacional condenou a Rússia por ter iniciado a guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 138.º dia.
A União Europeia e vários países ocidentais têm decretado sucessivos pacotes de sanções contra a Rússia e fornecido armas à Ucrânia.
Desconhece-se o número exato de baixas civis e militares, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm alertado que será consideravelmente elevado.