Mais de 2.000 bombeiros combatiam fogos quando o país entrou em contingência
Mais de 2.000 bombeiros combatiam 52 fogos em Portugal continental às 00:00 de hoje, hora a que o país entrou em situação de contingência devido ao risco agravado de incêndios rurais.
Segundo a página eletrónica da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, um total de 2.027 operacionais, apoiados por 622 veículos, combatiam pela meia-noite 52 incêndios, nove dos quais estavam ativos, oito em resolução e 35 em conclusão. Os mais preocupantes para o comando nacional eram os de Ourém, no distrito de Santarém, de Pombal, no distrito de Leiria, e de Ribeira de Pena, em Vila Real, disse à Lusa o comandante operacional Rodrigo Bertelo. Este último incêndio, que deflagrou pelas 15:00 de domingo e está a consumir uma zona de floresta, estava a ser combatido por 162 operacionais, apoiados por 47 veículos.
Segundo Rodrigo Bertelo, este fogo está a causar "alguma apreensão" por estar a lavrar numa zona de difícil acesso, tanto para os bombeiros, como para os veículos. O fogo que começou na quinta-feira no concelho de Ourém, distrito de Santarém, e afeta os municípios de Ourém, Ferreira do Zêzere e Alvaiázere, mobilizava à meia-noite 612 bombeiros, apoiados por 204 veículos, enquanto o que deflagrou na sexta-feira em Vale da Pia, no concelho de Pombal, distrito de Leiria, estava a ser combatido por 388 homens, apoiados por 125 viaturas.
Segundo o comandante operacional, as autoridades contam que a redução da temperatura e o aumento da humidade previstos para a noite abram "uma janela de oportunidade para consolidar e apagar" os incêndios, prevenindo reativações. "As operações estão a decorrer favoravelmente", disse.
Portugal continental entrou hoje às 00:00 em situação de contingência, que deverá terminar às 23:59 de sexta-feira, mas poderá "ser prolongada caso seja necessário" e "não exclui a adoção de outras medidas que possam resultar da permanente monitorização da situação", segundo um comunicado divulgado no domingo pelo Ministério da Administração Interna.
A declaração da situação de contingência foi decidida devido às previsões meteorológicas para os próximos dias, que apontam para o agravamento do risco de incêndio, com temperaturas que podem ultrapassar os 45º em algumas partes do país, segundo disse, no sábado, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.
Ainda de acordo com a nota do MAI, a declaração da situação de contingência implica "o imediato acionamento de todos os planos de emergência e proteção civil nos diferentes níveis territoriais", a passagem ao estado de alerta especial de nível vermelho, do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR), para todos os distritos, com mobilização de todos os meios disponíveis, e "o reforço do dispositivo dos corpos de bombeiros com a contratualização de até 100 novas equipas, mediante a disponibilidade dos corpos de bombeiros".
Devido à situação de risco, Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil e a Comissão europeia mobilizou, no domindo, dois aviões espanhóis para combater os incêndios no território português. O risco de incêndio levou ainda o primeiro-ministro, António Costa, a cancelar uma visita que tinha planeada a Moçambique entre segunda e terça-feira, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a cancelar uma deslocação a Nova Iorque.