Conferência dos Oceanos reuniu investimentos de 10 mil milhões de euros na protecção do mar
O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, sublinhou hoje que a Conferência dos Oceanos foi palco de compromissos de investimento na proteção do mar avaliados em cerca de 10 mil milhões de euros.
"Em termos de financiamento, temos compromissos na ordem dos 10 mil milhões de euros, sete mil milhões dos quais vindos da União Europeia", afirmou o ministro na sessão de encerramento da conferência internacional das Nações Unidas dedicada aos oceanos, que terminou hoje em Lisboa.
Além disso, adiantou Gomes Cravinho, "o Banco de Desenvolvimento da América Latina tem um compromisso de [investir] 1,2 mil milhões de euros, a Fundação da Terra vai investir mil milhões de euros até 2030 e o Banco Europeu de Investimento anunciou apoios de projetos na ordem de 250 milhões de euros".
Ao mesmo tempo, "a Austrália comprometeu-se a investir 1.100 milhões de euros na preservação da grande barreira de coral durante os próximos 10 anos e outras entidades privadas anunciaram contributos de 17 milhões de euros para o Fundo Global para as barreiras de corais".
Em Portugal, "a EDP anunciou que vai investir 1.250 milhões de euros em projetos de energias renováveis no mar até 2025", referiu o ministro dos Negócios Estrangeiros, congratulando-se pelos resultados da conferência.
"Muitas delegações e muitos participantes aproveitaram a conferência para anunciar novos compromissos. Temos mais de 2.000 compromissos inscritos na plataforma eletrónica criada para este efeito. Desses 2000, 674 são compromissos quantificáveis financeiramente", disse.
Por outro lado, houve "um aumento muito significativo das áreas marinhas protegidas", já que muitos países, "incluindo Portugal, anunciaram a criação recente, ou no futuro próximo, de novas áreas protegidas", sublinhou.
O "maior evento de sempre dedicado aos oceanos" e maior das Nações Unidas desde o início da pandemia permitiu adotar uma declaração política "muito forte", que será conhecida como Declaração de Lisboa, considerou Gomes Cravinho.
Da declaração, o ministro destacou o reconhecimento "inequívoco" do "nexo clima/oceano", que sublinha "a importância de proteger e restaurar os ecossistemas marinhos", mas também o "compromisso para a tomada de decisões com base na ciência e na tecnologia".
A conferência deu ainda "uma ênfase à economia azul sustentável, ligada à proteção da biodiversidade e da valorização do capital natural marinho" e deixou "clara a ideia de que não haverá 'transição verde' se não houver, simultaneamente, uma 'transição azul'", referiu.
Por outro lado, avançou, foi conseguido "um compromisso [para proteger] 30% das áreas marinhas até 2030, compromisso subscrito por mais de 100 Estados" e dado "um forte impulso político para um ambicioso acordo de proteção de biodiversidade em áreas para além de jurisdição nacional".
Com mais de 6.500 participantes, entre chefes de Estado, de Governo e delegações dos vários países, a Conferência dos Oceanos também fez avanços para um "acordo global para combater o flagelo que são os plásticos no mar", elogiou o ministro, admitindo esperar que haja "um acordo em breve".
A conferência, que decorreu entre o dia 27 de junho e hoje, com o apoio dos governos de Portugal e do Quénia, mostrou ainda "um forte sentido de continuidade", disse Gomes Cravinho.
"Lisboa representa - acreditamos -- um marco muitíssimo importante num processo que continua", garantiu, lembrando que o primeiro-ministro anunciou um novo fórum de investimento na economia azul sustentável, a realizar em Portugal no próximo ano.