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Crise no continente americano provocou morte de 1.238 migrantes em 2021

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Mais de 1.200 migrantes, incluindo cerca de 50 crianças com menos de cinco anos, morreram em 2021 no continente americano enquanto tentavam chegar a outro país, anunciou ontem a Organização Internacional para as Migrações.

De acordo com a organização (OIM), liderada pelo português António Vitorino, aquele continente vive uma "crise migratória" que provocou a morte de 1.238 pessoas no ano passado, mais de metade das quais (728 migrantes) quando tentavam passar a fronteira considerada mais perigosa do mundo: do México para os Estados Unidos.

A região das Américas, abalada por tensões sociais, económicas e crises políticas prolongadas, como as da Nicarágua ou da Venezuela, é um mar de rotas perigosas para dezenas de milhares de pessoas, que saem de suas casas à procura de uma vida melhor, refere um relatório da OIM sobre Migrantes nas Américas em 2021, hoje apresentado.

Muitos dos migrantes mortos eram originários de países com um elevado número de requerentes de asilo.

Segundo a agência das Nações Unidas dedicada às migrações, pelo menos 136 venezuelanos morreram em trânsito nos últimos 18 meses, além de 108 cubanos e 90 haitianos.

No entanto, o maior grupo demográfico entre os mortos é o dos "não identificados", já que o país de origem de mais de 500 pessoas cujas mortes foram registadas em 2021 está listado como "desconhecido".

"O número de mortes na fronteira EUA-México no ano passado foi significativamente maior do que em qualquer ano anterior, mesmo antes da covid-19", disse um dos autores do relatório, Edwin Viales.

A morte na semana passada de 53 migrantes num camião abandonado em San Antonio (Texas, Estados Unidos) aumentou o número de mortes de migrantes deste ano, para 493.

Das 53 vítimas, 27 eram do México, 14 das Honduras, sete da Guatemala e duas de El Salvador, sendo que três pessoas ainda não foram identificadas.

A polícia encontrou o camião numa estrada remota, perto da base aérea de Lackland, num local onde os veículos param para descarregar os migrantes depois de atravessarem ilegalmente a fronteira.

As pessoas que seguiam no atrelado fariam parte de uma alegada tentativa de tráfico de migrantes para os Estados Unidos.

Apesar de o número de mortos este ano já chegar a quase 500 pessoas, "esse valor está abaixo do real porque há vários problemas na recolha de dados", alertou Edwin Viales.

"Não nos podemos esquecer que cada número é um ser humano com uma família que pode nunca saber o que aconteceu com os seus entes", concluiu.