Tropas de Kiev frustram tentativas russas de tomar Severodonetsk
As forças armadas ucranianas dizem estar a frustrar as tentativas russas de tomar o controlo da cidade oriental de Severodonetsk, enquanto no sul as tropas russas estão a tentar capturar completamente a cidade de Zaporijia.
"Os ocupantes, com a ajuda de unidades motorizadas e artilharia, realizaram operações de assalto na cidade de Severodonetsk. Não foram bem-sucedidos. A luta continua", disse o Estado-Maior Geral das Forças Armadas da Ucrânia numa atualização operacional regular hoje à noite.
Citada pela agência Associated Press, a mesma fonte disse que as forças ucranianas tinham repelido com êxito um ataque russo à vila de Toshkivka, nos arredores de Severodonetsk.
O governador ucraniano da região oriental de Lugansk, onde fica Severodonetsk, disse hoje que a cidade continua a ser palco de "batalhas ferozes".
Numa mensagem na rede social Telegram, Serhii Haidai disse que as forças russas continuam a bombardear a cidade vizinha de Lysychansk, usando "armas de grande calibre que perfuram até o betão"
"É extremamente perigoso para os civis permanecer, mesmo em abrigos", disse.
O vice-chefe da direção principal de operações do Estado-Maior General ucraniano, Oleksei Gromov, disse também hoje que as tropas russas estão a tentar retomar a sua ofensiva a Zaporijia, para tentarem capturá-la completamente.
O militar disse que os russos deverão atacar a cidade desde a região de Kherson, a sul, que está maioritariamente controlada por Moscovo.
"O inimigo concentrou-se em manter as linhas, mas ao mesmo tempo não para de tentar retomar a ofensiva nessas áreas, provavelmente para tentar alcançar as fronteiras administrativas da região de Zaporijia", disse Gromov, num 'briefing' organizado pela agência estatal Ukrinform.
A zona sul da região de Zaporijia, incluindo duas cidades importantes e uma central nuclear, foi invadida pelas tropas de Moscovo nas primeiras semanas da guerra e permanece em mãos russas.
Kiev continua a controlar o norte da região, incluindo a capital, Zaporijia, que anteriormente era um ponto de paragem para os civis que fugiam do porto em ruínas de Mariupol.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 15 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 7,2 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou que 4.302 civis morreram e 5.217 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 106.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.