Aeroporto da Poncha
E de repente, como se de um passo de magia se tratasse, retirou-se do chapéu a perspectiva de um novo aeroporto para a Madeira, considerando-se até um investimento prioritário para a ilha. E isto vindo não só das alas consideradas mais radicais na esfera política como também pela ala dos oligarcas instalados.
Chega-se ao ponto de comparar com a situação de Tenerife, que dispõe de 2 aeroportos operacionais, mas esquecendo-se de indicar que a ilha de Tenerife tem 2.5 vezes a dimensão da ilha da Madeira e tem 4 vezes mais, não só população, como número de turistas anuais. No entanto, nenhum dos apoiantes deste potencial mega investimento consegue adiantar quaisquer localizações possíveis (o que, dado a orografia e as condições climatéricas da ilha, seria interessante perceber) ou previsíveis resultados operacionais (que também seria desejável saber para não termos um novo Lugar de Baixo mas exponencialmente ainda mais oneroso para os Madeirenses), escudando-se na necessidade (e correcta!) de um estudo aprofundado do tema. Nesse sentido, talvez fosse mais útil para os Madeirenses, em vez de se mandar para o ar este tipo de comentários que criam expectativas irrealistas, estudar efectivamente o tema e, após o resultado do mesmo, apresentar resultados e alternativas possíveis mais próximas da realidade da ilha.
Um dos mais conhecidos empresários e políticos da Madeira, num artigo recente no Diário, demonstrou a sua indignação pelo facto dos ilhéus, no aeroporto de Lisboa, terem de calcorrear a zona comercial nas chegadas (nomeadamente quando a chegada não é feita na manga). Ora, cumpre informar que isso não acontece apenas para os ilhéus, mas há anos e para todos os passageiros que venham dos restantes destinos. Obviamente não é apenas uma opção operacional do aeroporto mas também tem uma vertente económica já que faz as pessoas passarem pela área comercial e assim poderem fazer logo à chegada alguma despesa. Este tipo de procedimento não é uma invenção de Lisboa na medida em que ocorre na grande maioria dos aeroportos mundiais (uns até obrigam a apanhar um transporte dentro do próprio aeroporto para deslocação entre diferentes terminais).
Depois, acerca do tempo despendido dentro do autocarro, à porta do avião, para embarcar, é comentado “Indescritível! Certamente rivaliza, em respeito pelas pessoas, com os transportes para Auschwitz.” Ora, comparar uma espera num autocarro para entrar num avião, onde porventura até se irá em classe executiva, com autocarros que transportavam as pessoas para um campo de extermínio humano não só é profundamente patético e gerador de vergonha alheia, como, e principalmente, é perfeitamente desrespeitoso para todos aqueles que pereceram naquelas fábricas de atrocidades e morte.
Filipe Viegas