ONG pede que sejam limitadas viagens internacionais a líderes talibãs
A Human Rights Watch (HRW) pediu hoje o endurecimento das medidas contra os talibãs nomeadamente a reposição da proibição de viagens internacionais a alguns dos líderes, segundo um comunicado da orhuman governamental (ONG).
De acordo com HRW, uma lista que proibia vários membros talibãs de deixarem o Afeganistão foi parcialmente suspensa em 2019 para permitir que 14 líderes do grupo participassem nos acordos de paz.
"O Conselho de Segurança (da ONU) vai rever essas exceções em junho e terá a oportunidade de repor esta proibição a líderes específicos dos talibãs que foram implicados em graves violações de direitos", disse a codiretora interina de direitos das mulheres da HRW, Heather Barr, citada na nota.
A responsável da HRW referiu que entre os líderes a serem sancionados estão o chefe do serviço de informação afegão, Abdul-Haq Wasiq, "cujas forças realizaram execuções extrajudiciais e detiveram e espancaram jornalistas".
Assim como o responsável pelo Ministério da Propagação da Virtude e Prevenção do Vício, Sheikh Muhammad Khalid Hanafi, por impor restrições "atrozes" a mulheres e raparigas.
A codiretora da HRW também pediu a mesma sanção ao líder supremo dos talibãs, o mulá Hibatullah Akhundzada, a referindo que este "desempenha um papel decisivo na expansão da proibição do ensino secundário das raparigas".
A HRW lembrou, no seu comunicado, que a ONU proibiu que 41 fundamentalistas realizassem viagens internacionais em 1999, como resposta "às atividades violentas e terroristas no Afeganistão".
No entanto, a ONU suspendeu parcialmente essa medida em 2019 "para permitir que 14 talibãs participassem nas negociações de paz" com os Estados Unidos para encerrar quase duas décadas de guerra.
A última revisão desta isenção, que a ONU especificou no seu portal na internet que se aplica apenas "para viagens necessárias para participar em discussões de paz e estabilidade", data de 21 de março de 2022 e terminará em 20 de junho.
A par desta medida, a HRW sugeriu ainda uma visita oficial ao Afeganistão do secretário-geral da ONU, António Guterres, sublinhando que contribuiria para aumentar a pressão sobre os talibãs para acabar com a grave crise humanitária no país.
Heather Barr destacou a necessidade de um consenso internacional para mostrar "que o mundo está pronto para defender os direitos dos afegãos, particularmente mulheres e raparigas, de maneira significativa", já que a atual lista de sanções não causa danos aos talibãs.
A comunidade internacional fez do respeito pelos direitos humanos, especialmente das mulheres, um pré-requisito nas negociações de ajuda e reconhecimento do regime islâmico, que regressou ao poder em agosto do ano passado, 20 anos depois de ter sido afastado, na sequência da saída de militares norte-americanos e dos seus aliados do país.
As novas restrições impostas às mulheres -- tal como a imposição da burca, a limitação do ensino escolar às raparigas, a condução de automóveis e mesmo a sair de casa - confirmam a radicalização dos talibãs, que inicialmente tentaram mostrar um lado mais aberto do que durante a sua passagem anterior pelo poder, entre 1996 e 2001.