BCE deverá anunciar hoje o fim da compra de activos e política de baixas taxas de juro
O Banco Central Europeu reúne-se hoje para discutir a política monetária nos países da zona euro, devendo anunciar o início de um novo capítulo que encerra a era das baixas taxas de juro, com o fim da compra de ativos.
A aguardada reunião do Banco Central Europeu (BCE) irá decorrer hoje, cerca de duas semanas depois de a presidente da instituição, Christine Lagarde, ter indicado que irá começar a subir as taxas de juro em julho e que a zona euro sairá das taxas de juro negativas até ao final do terceiro trimestre.
Lagarde salientou esperar que a compra da dívida que o BCE tem vindo a fazer para apoiar a economia "termine no início do terceiro trimestre", acrescentando que tal "permitiria uma subida das taxas de juro" na reunião de julho.
O debate sobre se a inflação é ainda um fenómeno temporário tem pressionado os banqueiros centrais, levando vários decisores a intervirem publicamente na defesa de um endurecimento da política monetária.
No entanto, a guerra na Ucrânia e o abrandamento do crescimento económico tem também levantado questões, pelo que o BCE tem de lidar com a decisão entre não subir as taxas de juro poder alimentar as tendências inflacionistas e subir demasiado depressa poder precipitar a recessão, uma vez que penaliza as famílias.
Apesar do choque da inflação não ter a mesma intensidade em todos os países da zona euro, governadores e bancos centrais concordam na necessidade de atuar quanto às taxas de juro.
A taxa de inflação homóloga na zona euro atingiu 8,1% em maio, um nível nunca alcançado desde a criação da moeda única e quatro vezes acima dos 2% fixados como objetivo pelo BCE.
O debate agora está mais focado na dimensão do ciclo de subidas, uma vez que as taxas não sobem desde 2011.
Na etapa seguinte da normalização, a primeira subida das taxas de juro pode ser anunciada na reunião de 21 de julho, num processo que deve levar ao abandono das taxas de juro negativas até finais de setembro.
Atualmente, a taxa de depósitos está em -0,50%. Para a levar para zero, seria necessário um aumento de 25 pontos base em julho e outro igual em setembro, esse é o cenário de referência, segundo Philip Lane, economista-chefe do BCE, mas algumas vozes defendem que se opte logo por uma primeira subida de 50 pontos base.
Hoje serão ainda publicadas novas previsões macroeconómicas, que terão em conta o impacto da guerra na Ucrânia, o que ajudará a definir o ritmo de mudança na política monetária.