Joe Biden vai discutir eleições "livres" e "transparentes" com Bolsonaro
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tenciona abordar a questão das eleições "livres e transparentes" no Brasil durante a reunião bilateral com o homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, que tem lançado dúvidas infundamentadas sobre o processo eleitoral.
"Espera-se que o Presidente aborde o tema de eleições abertas, livres, justas, transparentes e democráticas", disse o conselheiro diplomático do Presidente norte-americano, Jake Sullivan, a bordo do Air Force One.
Washington tem manifestado abertamente preocupação com as tentativas de Bolsonaro, que procura um novo mandato, de lançar dúvidas sobre o sistema eleitoral no Brasil.
O palco do primeiro encontro entre Biden e Bolsonaro será a IX Cimeira das Américas arrancou na segunda-feira na cidade norte-americana de Los Angeles.
Nos últimos meses, e de forma cada vez mais frequente, além de insistir que o sistema de votação eletrónica do país não é fiável, Bolsonaro tem intensificado os ataques a magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF) e tem dito que não respeitará determinadas decisões judiciais.
Em especial, o presidente brasileiro tem visado os juízes Alexandre de Morais e Edson Fachin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na segunda-feira, o Presidente brasileiro teceu ataques duros ao TSE, direcionados ao seu presidente, Edson Fachin, acusando-o de conspirar para facilitar a vitória de Lula da Silva nas eleições presidenciais de outubro.
Bolsonaro acusou Fachin de tudo fazer para descredibilizar o processo eleitoral e "para eleger o Lula de forma não aceitável".
"São três ministros que não querem transparência nas eleições. Eu não ataco a democracia", denunciou Bolsonaro, acrescentando que pelo que se vê nas ruas, "é impossível não ter segundo turno ou eu não ganhar no primeiro turno".
Em entrevista à Lusa no final do mês de maio, o constitucionalista Diego Werneck Arguelhes, signatário da carta enviada à ONU sobre a "campanha sem precedentes" contra os tribunais brasileiros, avisou que o Presidente brasileiro está a criar bases para 'uma invasão do Capitólio', como aconteceu nos Estados Unidos.
"Jair Bolsonaro está fazendo isso em câmara lenta, o que a gente está a ver no Brasil é um 06 de janeiro, a invasão do Capitólio em câmara lenta", contou à Lusa o professor associado do Instituto de Ensino e Pesquisa do Brasil e doutorado em Direito pela Yale University, nos Estados Unidos.
De acordo com as últimas sondagens, Lula da Silva aumentou a diferença para Jair Bolsonaro. O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) tem 48% das intenções de voto e Bolsonaro, candidato do Partido Liberal (PL), tem 27%.
Para vencer à primeira volta é necessário mais de 50% dos votos.