A Guerra Mundo

Jornalista ucraniano questiona Lavrov sobre roubo de cereais e outros bens

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Um jornalista ucraniano aproveitou hoje uma conferência de imprensa do ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, em Ancara (Turquia), para o questionar sobre os bens que a Rússia "roubou da Ucrânia e para quem os vendeu".

"Além dos cereais, que outros bens roubou da Ucrânia e a quem os vendeu", perguntou ao chefe da diplomacia russa o jornalista da televisão pública da Ucrânia Muslim Umerov.

Sergei Lavrov respondeu-lhe dizendo que os "ucranianos estão sempre preocupados com o que podem roubar e acham que todos pensam da mesma maneira".

"Os nossos objetivos são claros, queremos salvar as pessoas da pressão do regime nazi [ucraniano]. Não interferimos nos cereais. Para que possam sair dos portos, o Sr. [Volodymyr] Zelensky [Presidente da Ucrânia] deve ordenar [a sua saída], é só", acrescentou.

Em declarações à agência de notícias AFP, o jornalista Muslim Umerov explicou que "levantou a mão durante toda a sessão da conferência de imprensa".

"Percebi no fim que não me iriam deixar falar, então decidi falar mais alto" e "corri o risco de atrapalhar a conferência de imprensa, porque a Ucrânia está à espera de resposta para essa pergunta", observou.

Na passada sexta-feira, o embaixador da Ucrânia em Ancara acusou a Rússia de "roubar" e exportar cereais ucranianos, particularmente para a Turquia.

Desde o início do conflito na Ucrânia, Lavrov, alvo de sanções do Ocidente, fez raras visitas o estrangeiro, tendo ido à China, Índia, Argélia, Arábia Saudita e duas vezes à Turquia.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de quase 15 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,9 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A ONU confirmou hoje que 4.266 civis morreram e 5.178 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 105.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.