Venezuela registou 10% de inflação em Maio dificultando acesso a bens de consumo
A Venezuela registou em média 10,1% de inflação em maio último, segundo dados divulgados hoje pelo Observatório Venezuelano de Finanças (OVF).
Segundo o OVF, a inflação registada em maio foi "muito mais alta" que os 3,6% no mês anterior (3,6%), acumulando 34,3% desde janeiro de 2022.
Em termos anuais a variação de preços permanece em três dígitos, acumulando 151%, com aquele organismo a alertar que persiste a perda de poder de compra do salário dos venezuelanos que continuam a estar impossibilitados de aceder a todos os bens de consumo locais.
"O Banco Central da Venezuela (BCV) não pôde estabilizar a taxa de câmbio durante o mês que concluiu, o preço do dólar aumentou quase 15% (5,15 bolívares digitais ao dia de hoje) e evidentemente esse aumento se transferiu para os níveis dos preços dos bens", explicou o porta-voz do OVF numa conferência de imprensa em Caracas.
O economista José Guerra explicou que a inflação na Venezuela "está a renascer" depois de nos meses de janeiro (4,8%), fevereiro (1,7%), e abril (3,6%) se ter mantido em um dígito. No entanto sublinhou que apesar da tendência à alta de momento não está previsto um processo "hiperinflacionário" como ocorreu entre novembro de 2017 e dezembro de 2021.
"Vejo um processo de inflação elevada que está latente, que não está a abrandar apesar de o BCV ter utilizado todos os 'cartuchos' (recursos) que tem para tentar estabilizar a taxa de câmbio (do dólar) a um custo enorme, que é a perda de reservas", disse José Guerra.
Segundo o OVF o setor que registou maior inflação em maio foi o da educação (54,9%), seguindo-se o de bens e serviços diversos (24,8%), lazer (16%), vestuário e calçado (18,6%), restaurantes e hotéis (13,7%), aluguer de habitação (13,2%), comunicações (12,5%), saúde (12,1%) alimentação (11,9%), equipamento para o lar (11,3%) e transporte (11,5%).
Segundo José Guerra o principal fator de aceleração da inflação na Venezuela foi a desvalorização do bolívar digital (Bd), a moeda local, mas o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, fez "disparar" os preços de alguns produtos e matérias-primas fundamentais, levando ao aumento de alguns dos custos de produção.
Por outro lado, a Venezuela registou, em maio, um novo recorde no preço do cabaz básico alimentar, que foi de 382 dólares norte-americanos (357,15 euros), o que, quando comparado com os 30 dólares (28,05 euros) de salário mínimo dos venezuelanos representa que "uma boa parte dos lares dos venezuelanos está excluída da possibilidade de adquirir bens de consumo essenciais".
Nesse sentido, precisou que em maio de 2021 o cabaz básico alimentar custava 85 dólares (79,47 euros) e que 700.000 empregados públicos e mais de 3,2 reformados recebem o equivalente ao salário mínimo mensal.