China oferece seguro de saúde para eventuais efeitos colaterais de vacina
A China está a oferecer seguros para idosos preocupados com os efeitos colaterais da vacina contra a covid-19, visando aumentar a taxa de inoculação para níveis que permitam ao país relaxar a estratégia 'zero casos'.
Dezenas de cidades em toda a China estão a oferecer à população com 60 ou mais anos um seguro de saúde gratuito, que cobre despesas até 500.000 yuan (70.000 euros) se adoecerem -- ou pior -- devido a efeitos secundários das vacinas contra o novo coronavírus, de acordo com a imprensa local.
Estes seguros também cobrem o pagamento à família, caso seja provado que a morte de um familiar ocorreu devido à vacina. Só em Pequim, cerca de 60.000 idosos inscreveram-se para obter o seguro.
À semelhança de outros países, um grande número de pessoas na China tem dúvidas sobre a segurança das vacinas, apesar da falta de evidências sobre efeitos colaterais graves.
Rumores sobre a suposta relação entre vacinas e doenças graves, como leucemia e diabetes tipo 1, propagaram-se nas redes sociais chinesas.
Até ao mês passado, menos de dois terços da população chinesa com 60 anos ou mais tinha recebido uma dose de reforço, como é recomendado pela Organização Mundial da Saúde.
Estima-se que cerca de 100 milhões de chineses não estejam vacinados ou não tenham recebido a dose de reforço. Isto suscita receios de que possa haver milhões de hospitalizações e mortes, caso o Governo chinês prescinda da estratégia de 'zero casos' de covid-19.
A grande maioria da população chinesa foi inoculada com as vacinas desenvolvidas pelas farmacêuticas chinesas Sinovac ou Sinopharm. Ambas requerem três doses para manter um alto nível de eficácia, segundo um estudo da Universidade de Hong Kong (HKU).
A China não aprovou as inoculações usadas na Europa ou Estados Unidos, da Moderna ou BioNTech/Pfizer, de RNA mensageiro.
A vasta escala da população idosa suscetível de doença grave ou morte na China levou as autoridades a aplicar medidas de bloqueio, para acabar com surtos que se alastraram a várias cidades.
Xangai, a 'capital' económica da China, sofreu um bloqueio de dois meses, que abrangeu todos os seus 26 milhões de moradores.
Noutras partes do país, dezenas de milhões de pessoas enfrentaram medidas de confinamento, mais ou menos rígidas.
As medidas afetaram os negócios e o mercado de trabalho, suscitando preocupações sobre os efeitos a longo prazo da estratégia de 'zero casos' de covid-19 para a economia do país.
A China anunciou já que não vai acolher o principal campeonato de futebol de clubes da Ásia, no próximo ano, como estava programado, apesar de ter realizado com sucesso os Jogos Olímpicos de Inverno, dentro de uma 'bolha sanitária', em fevereiro.
Na segunda-feira, os organizadores do Festival Internacional de Cinema de Xangai disseram que o evento vai ser adiado para o próximo ano.