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Presidente do México boicota a Cimeira das Américas nos EUA

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Foto EPA

O presidente do México, Andrés Manuel Lopez Obrador, anunciou que não participará na Cimeira das Américas, que começou esta segunda-feira em Los Angeles, devido à exclusão de Cuba, Venezuela e Nicarágua pelos Estados Unidos (EUA), anfitriões do evento.

"Não vou à cimeira porque nem todos os países das Américas foram convidados. Acredito na necessidade de mudar a política que foi imposta durante séculos: a exclusão", afirmou à imprensa o presidente do México, país que é o principal parceiro dos Estados Unidos na América Latina.

O presidente nacionalista de esquerda já tinha ameaçado durante semanas não comparecer ao encontro em Los Angeles se os EUA excluíssem Cuba, Venezuela e Nicarágua.

Segundo um funcionário da Casa Branca, os três países não foram convidados porque "os Estados Unidos continuam a ter reservas sobre a falta de espaço democrático e de respeito pelos direitos humanos" nos mesmos, explicou esta segunda-feira à agência noticiosa francesa AFP.

Até ao momento, o Governo do presidente norte-americano Joe Biden tinha evitado confirmar oficialmente que países tinham sido convidados para o evento, que termina na próxima sexta-feira.

"Lamento imenso esta situação, mas não aceito que alguém se coloque acima de outros países. Eu não aceito hegemonia, nem da China, nem da Rússia, nem de nenhum outro país", respondeu o presidente mexicano.

Bastante popular no seu país, Obrador acrescentou que se poderia encontrar em julho, na Casa Branca, com o presidente Biden, com quem afirmou se dar muito bem.

"Quero falar com ele sobre a integração de toda a América", explicou o mexicano, referindo-se ao exemplo da unidade da União Europeia.

O México, que partilha uma fronteira de 3.200 quilómetros com os Estados Unidos, envia 80% das suas exportações para o seu grande país vizinho ao abrigo de um acordo de comércio livre norte-americano que também inclui o Canadá.

Na cimeira, o presidente Biden pretende alcançar um acordo de cooperação regional sobre uma questão politicamente controversa que lhe valeu duras críticas por parte da oposição republicana: a imigração.

O número de pessoas que procuram entrar nos EUA em fuga da pobreza e violência na América Central e no Haiti está a aumentar e milhares de migrantes concentram-se na fronteira norte do México, na esperança de atravessarem para território norte-americano.

A cimeira abordará ainda temas como as alterações climáticas, o covid-19 e a "luta pela liberdade e democracia", afirmou a Casa Branca.

O evento é também um momento importante para Washington mostrar a sua posição perante a China, que está a avançar numa área há muito considerada pelos americanos como sendo sua.

Para além do México, até agora, disseram que não se farão representar em Los Angeles a Bolívia e países da Comunidade das Caraíbas (Caricom) como São Vicente e Granadinas.

Outros Estados, como Argentina, Chile e Honduras, reiteraram as críticas aos Estados Unidos, mas já tinham confirmado a sua participação e não recuaram.

Também o cubano Díaz-Canel se pronunciou sobre o assunto, afirmando que não iria à cimeira mesmo que tivesse sido convidado.