Rússia garante ter destruído blindados fornecidos pela Europa de Leste
A Rússia garantiu hoje ter destruído tanques blindados fornecidos à Ucrânia por países da Europa do Leste com ataques aéreos a Kiev, os primeiros das últimas semanas na capital ucraniana.
"Mísseis de alta precisão e longo alcance disparados pelas forças aeroespaciais russas nos arredores de Kiev destruíram tanques T-72 fornecidos por países da Europa de Leste e outros veículos blindados que estavam nos hangares", disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.
O presidente da câmara de Kiev, Vitali Klitschko, já tinha afirmado, hoje de manhã, que várias explosões tinham abalado a cidade.
"Várias explosões nos bairros de Darnytsky e Dniprovsky da cidade. Os bombeiros estão a extinguir as chamas", escreveu, numa mensagem divulgada através da plataforma Telegram.
O envio de mísseis de cruzeiro russos destruiu cinco semanas de calma na capital da Ucrânia, atingindo várias infraestruturas, como estações ferroviárias.
As autoridades disseram que uma pessoa foi hospitalizada com ferimentos.
Kiev não enfrentava nenhum ataque desde a visita do secretário-geral da ONU, António Guterres, em 28 de abril.
O ataque matinal desencadeou alarmes de ataque aéreo e mostrou que a Rússia ainda tem capacidade e vontade de atingir o coração da Ucrânia, apesar de ter abandonado, nas últimas semanas, a sua ofensiva mais ampla para concentrar esforços no leste do país.
O Presidente russo, Vladimir Putin, fez, numa entrevista emitida hoje pelas televisões russas, uma ameaça velada aos países ocidentais que forneceram armas à Ucrânia, dizendo que a Rússia irá atacar novos alvos se o Ocidente fornecer mísseis de longo alcance à Ucrânia, até porque as atuais entregas de armas têm por objetivo "prolongar o conflito".
Se Kiev receber foguetes de longo alcance, acrescentou, Moscovo "tirará as conclusões apropriadas e usará meios de destruição, que temos em abundância, para atacar alvos que ainda não atingimos".
Não ficou claro se Putin se estava a referir a novos alvos dentro ou fora das fronteiras da Ucrânia.
A Rússia lançou, em 24 de Fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas das suas casas, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada por Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU refere também que mais de 4.100 civis morreram e quase 5.000 ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.