O retorno às Festas e a nossa Ruralidade
2022 é o ano que ficará marcado pelo retorno da animação e festas que tanto caracterizam a nossa ilha.
Alguns contestam e questionam o dispêndio de verbas para festejos, mas esquecem-se que não é “só de pão” que vivemos.
Alguém consegue imaginar numa região como a nossa, rica em tradições, grupos folclóricos, culturais e populares, não termos os arraiais, encontros, expressões religiosas e todas as manifestações que marcam a nossa identidade?
Este ano, foram várias as Casas do Povo, que nas diversas freguesias, entre outras atividades, no Carnaval fizeram as tradicionais malassadas e na Páscoa recuperaram o jogo do pião. Em Maio a ilha encheu-se de cor com a festa da flor, onde os tapetes de flores, as charolas, os arranjos florais abrilhantaram a nossa cidade e a festa reproduziu-se um pouco por todos os concelhos. A Casa do Povo da Fajã da Ovelha teve a honra de cumprir a tradição, e elaborar os tapetes de abertura da Festa da Flor (placa central e junto à Loja do Cidadão) e na semana final, a composição de charolas e tapete floral, no Largo do Corpo Santo, na Zona velha, cujas imagens e publicações alcançaram quase 40.000 pessoas, um pouco por todo o mundo. Os arraiais voltaram e as festas temáticas das Casas do Povo, ligadas à agricultura e aos produtos regionais iniciaram-se, e o sucesso está à vista de todos.
Ainda ontem terminou mais uma edição do Arraial das Casas do Povo, onde marcaram presença 37, das 43 existentes na Região Autónoma da Madeira. A mostra de grupos tradicionais e gastronomia típica, não deixaram a cidade indiferente.
Agora questiono, alguém poderá imaginar a nossa ilha sem a sua ruralidade? Será que a Madeira, turisticamente, teria o mesmo valor se a Região perdesse o que tem de mais genuíno?
E é neste aspeto que destaco a importância da manutenção das Casas do Povo.
Este é um movimento associativo da população, do mais puro que possuímos e que tem prestado um enorme contributo social, cultural e económico nas várias freguesias. São motores importantes para o desenvolvimento local e rural. e na formação integral do indivíduo, que não se pode deixar perder.
A título de exemplo, temos Casas do Povo com mais de 80 anos de existência, mas este ano destaco a Casa do Povo da Fajã da Ovelha, que completou, o seu vigésimo aniversário e teve como “prenda” a certeza de vir a ter um centro cultural e tecnológico, tão necessário e ambicionado na freguesia.
Não podemos esquecer, que durante a pandemia, foram as Casas do Povo que prestaram um enorme contributo social às populações, com a distribuição de apoios e cabazes alimentares através do programa Farol. Foram as Casas do Povo que iniciaram o movimento dos centros de dia nas várias freguesias e concelhos. Foi graças às Casas do Povo que muitos dos movimentos culturais se iniciaram e perduram no tempo. São as Casas do Povo que garantem a formação e iniciação nos instrumentos tradicionais a muitas crianças e adultos. São estas instituições que deram, e continuam a dar, um contributo importante na alfabetização dos adultos e mais idosos e na formação geral, com os cursos de várias temáticas (entre outros: culinária, costura, pintura, iniciação à informática, doçaria e pastelaria, iniciação a línguas estrangeiras, arranjos e arte floral), particularmente dirigidos a quem tem poucos recursos. São as Casas do Povo que, em tantas freguesias, dão um apoio importante aos nossos agricultores.
Aconselho, principalmente a quem desconhece o trabalho destas instituições, a fazerem um simples “click” e acompanharem as 43 Casas do Povo existentes na RAM, nas suas páginas de Facebook. Com certeza, muitas pessoas ficarão surpreendidas com a dinâmica e com o trabalho desenvolvido, maioritariamente por voluntários e pela união da população.
Gostaria de destacar o importante contributo do Governo Regional através dos Serviços de Ruralidade da Secretaria Regional da Agricultura no apoio à vertente ligada à agricultura e ao desenvolvimento rural. O Secretário, Humberto Vasconcelos, é um dos mais importantes dinamizadores deste movimento, neste Governo e nunca esquece a importância das existência destas instituições no meio rural e do apoio aos agricultores. O próprio Presidente do Governo, Miguel Albuquerque, já assumiu e traçou como prioridade, o apoio a estas Instituições porque percebeu, de forma clara, a importância que as mesmas desempenham nas localidades onde intervêm e tantas vezes respondem de forma célere às necessidades mais imediatas da população. A Direcção Regional de Assuntos Sociais assumiu, em 2021, a ponte com o Governo e lança um novo programa de apoio social através das Casas do Povo, o PROAGES. Ambiciono que no futuro, a Secretaria do Turismo, no seu programa anual, integre as festas dos nossos produtos regionais, que verdadeiramente são as festas do povo madeirense e que com certeza irão fazer as delicias de quem nos visita.
Não podemos esquecer a ADRAMA e ACAPORAMA que são as entidades representativas das Casas do Povo a nível regional, e são um apoio constante à sua dinâmica.
A ruralidade é a imagem de marca da nossa Região e as Casas do Povo, por via das suas atividades, são o garante da sua manutenção. Estas Instituições são autênticos “museus vivos” da nossa cultura e por isso, em uníssono, devemos lutar pela sua continuidade. As Casas do Povo tem as portas abertas à população, devem procura-las e visita-las, e, acima de tudo, participem nas suas actividades. Sejam membros ativos deste movimento associativo do POVO.