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Jerónimo salienta livro como instrumento contra pensamento único e contrarrevolução

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O secretário-geral do PCP salientou hoje a importância do livro como bem ao serviço da democracia e como instrumento de combate à lógica de pensamento único e à contrarrevolução, com a atual crescente subalternização da cultura.

Jerónimo de Sousa falava perante centenas de militantes e simpatizantes comunistas na sessão de encerramento da sessão "As Edições Avante! - ao serviço da democracia e do progresso social", que decorreu na Casa do Alentejo, em Lisboa.

Na sua intervenção, o secretário-geral do PCP falou do livro "entendido não como instrumento ao serviço da ideologia dominante, mas como veículo privilegiado ao serviço da democratização da cultura, pela promoção da língua portuguesa e dos valores culturais de uma sociedade que se quer livre, desenvolvida e humanamente construída, numa pátria soberana e aberta ao mundo e à experiência dos outros povos".

Jerónimo de Sousa destacou em seguida a importância do livro "em confronto com a simplificação na análise dos fenómenos; apostado no combate ao esquematismo, acriticismo, obscurantismo cultural, niilismo, ceticismo".

"Um livro afrontando o individualismo, a banalização da vida e do sofrimento humano, a promoção da violência e da guerra, ou seja, confrontando o culto do pensamento único para onde o grande capital, através dos seus centros ideológicos e de condicionamento, nos quer sistemática e recorrentemente empurrar", completou.

No seu discurso, que durou cerca de 15 minutos, o secretário-geral do PCP realçou a rutura alcançada em Portugal com o 25 de Abril de 1974 em matérias de acesso coletivo ao conhecimento, mas condenou o atual processo "contrarrevolucionário, com a subalternização da cultura".

"O processo contrarrevolucionário, além da limitação de direitos políticos, económicos e sociais, trouxe e traz consigo, como hoje estamos a ver, a promoção de valores obscurantistas e retrógrados no domínio da cultura, das mentalidades e da ideologia", disse.

Neste quadro, destacou o papel das Edições Avante! na atual conjuntura do país.

"Por se colocar num papel diametralmente oposto a uma conceção reacionária e retrógrada da ideologia dominante -- promovida pelo capital monopolista através dos poderosos meios de que dispõe e que controla, com destaque para os órgãos de difusão de informação e comunicação de massas e centros de produção e difusão do livro -- que mais evidente se torna, neste domínio, o papel relevante das Edições Avante!, sem deixar de assinalar o papel positivo de outras editoras", afirmou.

O PCP, de acordo com Jerónimo de Sousa, "reconhece a importância que a atividade editorial representa como meio de intervenção de grande valor, que tem que ser defendida num quadro de alteração e agravamento da situação do setor editorial e livreiro no país".

"Neste sentido, apela a que se alargue a sua promoção e se dinamize a sua difusão orgânica e militante, com uma linha de ação política, ideológica e cultural e com maior utilização de meios tecnológicos; que se prossiga a edição das obras dos clássicos do marxismo-leninismo, das Obras Escolhidas de Álvaro Cunhal e outras sobre aspetos da História do PCP, assim como de temas da atualidade", indicou o secretário-geral do PCP.

Jerónimo de Sousa anunciou também alguns títulos que estão em vias de publicação por parte da Editorial Avante!: "A Integração Europeia: Um Projeto Imperialista", de António Avelãs Nunes; uma publicação em torno de José Saramago, por ocasião do centenário do seu nascimento; e uma antologia de textos da autoria de Albano Nunes.

Por outro lado, será dada continuidade à edição de obras dos clássicos do marxismo-leninismo, o sétimo tomo das Obras Escolhidas de Álvaro Cunhal, e a edição dos materiais sobre a iniciativa do PCP "Energia e recursos na transição energética".

"Armados pelo seu esforço e entusiasmo, amparados pela intervenção determinada das mais amplas camadas da população, os comunistas, ao lado de muitos outros democratas e patriotas, lutam para massificar a cultura em todas as frentes. Do movimento sindical ao Poder Local democrático, das coletividades ao movimento associativo juvenil e estudantil, dos cineclubes às universidades populares, desempenham um papel fulcral na dinamização da vida cultural portuguesa e na defesa da sua identidade", acrescentou Jerónimo de Sousa.