Catalão Carles Puigdemont deixa liderança do seu partido
O líder independentista catalão Carles Puigdemont foi hoje substituído à frente do seu partido por uma equipa que inclui uma representante da ala dura.
"Acontece que é o meu último (congresso) como presidente", declarou perante os militantes do Junts per Catalunya (Juntos pela Catalunha), reunidos na cidade francesa de Argelès-sur-Mer, perto da fronteira com Espanha.
"As organizações devem poder e saber fazer as substituições", acrescentou Puigdemont, 59 anos, figura principal na tentativa de secessão da Catalunha em 2017.
O líder separatista anunciou no início de maio que não voltaria a concorrer à liderança da formação por considerar que esta precisa de "uma presidência mais envolvida" que não pode garantir.
Depois da tentativa de secessão de outubro de 2017, Puigdemont fugiu para a Bélgica, onde está instalado há perto de cinco anos para escapar à justiça espanhola.
Nessa ocasião, os independentistas organizaram um referendo sobre a autodeterminação, apesar da proibição pela justiça espanhola.
Nove dirigentes independentistas foram condenados em 2019 a penas até 13 anos de prisão pelo seu papel nessa tentativa de declarar unilateralmente a independência da região. O atual Governo espanhol decidiu no ano passado conceder um perdão para os nove envolvidos, em nome da reconciliação.
Jordi Turull, que deverá ser oficialmente designado como secretário-geral do Junts, era um dos dirigentes que foram presos.
A equipa que vai liderar o partido inclui ainda a presidente do parlamento regional catalão, Laura Borràs, representante da ala dura, que assumirá a presidência do Junts.
Na sua intervenção no Congresso, Puigdemont deixou críticas ao primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, acusando o Governo de investir pouco na região.
A formação liderada até agora por Puigdemont é membro do governo regional separatista, presidido por um outro partido independentista, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC).
A tensão entre os dois partidos tem sido constante, com o Junts a criticar o diálogo do ERC com o Governo central.