Carta com Autonomia
Muitas foram as definições encontradas para o termo autonomia. 1. Faculdade de um país conquistado ou de uma região se administrar por suas próprias leis. 2.Independência administrativa em relação a um poder central. 3.Liberdade moral e intelectual. 4. Distancia que pode percorrer ou tempo que pode permanecer em funcionamento um meio de transporte sem necessidade de reabastecer de combustível. 5. Tempo que pode funcionar um aparelho ou equipamento sem necessidade de recarregamento de energia. Qual será a que melhor se adapta à nossa região? Pessoalmente achei que duas; a 3ª e a 5ª. A 3ª, perdeu-se no tempo e já lá vão 46 anos. A Autonomia foi garantida a 1 de julho de 1976 como resultado da revolução do 25 de Abril, que aniquilou todos os vestígios, incluindo os valores da sociedade após de 48 anos de ditadura Salazarista. A 5ª definição, porque a bateria foi-se descarregando ao longo de 48 anos de liberdade e a cada recarga, (ato eleitoral) entrou sempre numa bateria velha, desgastada, viciada e corrupta sem a capacidade de gerar energia que fosse distribuída equitativamente pelos diversos sectores da economia. Números muito atuais refletem bem aquilo que foi convertida a outrora Pérola do Atlântico. Com uma dívida pública cujos números 5.591 MILHÕES DE EUROS, vieram recentemente à luz pública, aumentando em 194 MILHÕES valores anteriormente divulgados. Andamos nisto há 46 anos tentando adiar o inadiável, os que andaram estes anos todos criando e alimentando este monstro jamais serão capazes de se livrarem dele, pois numa epidemia de vícios criados ao longo de quase meios século e que já foram herdados pelas novas gerações de políticos afetos ao regime numa espécie de monarquia, cujos príncipes mantêm a nossa região como a mais pobre do país e uma das mais pobres da Europa. Ao longo destes anos como membros da UE, recebemos MILHÕES E MILHÕES DE EUROS que se tivessem sido investidos com planeamento e visão futura, estaríamos hoje em condições de invejar qualquer região do planeta. Prepara-se a construção dum megalómanos hospital se com aqueles que existem não temos profissionais suficientes para cobrir as necessidades dos 260 mil habitantes. Construíram-se dezenas de edifícios escolares muitas vezes com falhas nos docentes para lecionar e o decréscimo constante da natalidade, para agora criar um plano de encerramento de escolas e com isso contribuir para a desertificação das zonas rurais. Parece que as vias rápidas que supostamente seriam e bem para fixar as populações, mais não servem do que para fazerem-nas abandonar as suas terras o mais rápido possível. Dezenas de obras de utilidade duvidosa ou simplesmente inúteis. Investimentos em setores que continuaram a fazer de nós dependentes de quase 100% do exterior. Mandaram abater barcos de pesca para sermos dependentes de peixe importado. Fecharam a única fábrica de laticínios para dependermos dos Açores que felizmente não copiaram as asneiras aqui implementadas. Costumo dizer por ironia que: o nosso destino turístico premiado como um dos melhores do mundo, serve de luxo aos que nos visitam de pagarem para virem cá comer aquilo que eles próprios produzem nos seus países de origem. O drama a que se chegou onde a agricultura, a pecuária e a pesca pouco ou nada representa, numa terra de sol, mar e água. Onde quase temos mais madeirenses emigrados; estima-se que 1 milhão de madeirenses de 1ª,2ª e 3ª geração vivem fora da região. Nunca a Madeira conseguiu criar as condições para fixar os seus habitantes, proporcionando-lhes condições, trabalho e forma de vida que os leva-se a construir um povo minimamente autónomo. Muito se criticou e muita esperança criou o derrube da ditadura em nome da liberdade que a democracia consagra, mas andamos há quase meio século a adiar sucessivamente a democracia porque o povo madeirense sente receio em participar ativamente no seu processo evolutivo. Em suma: ao povo foi-lhes incutido uma política de condicionalismos o que os faz continuarem com medo da liberdade.
A. J. Ferreira