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BE exige que Costa fale ao país e aponta "desgoverno do governo"

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Foto António Cotrim/LUSA

O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, exigiu hoje que o primeiro-ministro fale ao país sobre a situação do aeroporto, considerando que há "um desgoverno do governo" de António Costa.

"Exigimos que o primeiro-ministro fale ao país sobre esta situação e que assuma as responsabilidades sobre o desnorte que está a ser o governo neste momento", afirmou.

Pedro Filipe Soares falava aos jornalistas na Assembleia da República depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter determinado hoje a revogação do despacho publicado na quarta-feira sobre a solução aeroportuária para a região de Lisboa e reafirmado que quer uma negociação e consenso com a oposição sobre esta matéria.

O líder parlamentar bloquista lembrou as declarações de António Costa no parlamento na semana passada, quando em resposta a críticas sobre a ministra da Saúde, Marta Temido, o primeiro-ministro respondeu que era o responsável máximo pelo Governo.

"Há um desgoverno do governo neste momento em Portugal sobre matérias estratégicas e sobre as quais já estavam há anos em discussão no seio do governo. E sobre isto, o primeiro-ministro deve explicações ao país", vincou.

Questionado sobre se faz sentido que o primeiro-ministro demita o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, o deputado bloquista respondeu apenas que "faz sentido que o primeiro-ministro seja primeiro-ministro".

"E por isso, o primeiro dos ministros e o responsável máximo, como disse que era, das decisões do governo sobre a condução política do governo e que, por isso, dê explicações ao país do que parece ser uma condução errática" do executivo, sublinhou.

Na opinião dos bloquistas, "a responsabilidade desse desgoverno só tem uma pessoa, que é o primeiro-ministro".

Se não tem mão nos seus ministros tem que explicar o que aconteceu, se as decisões estratégicas não passam por ele quando ele disse que passavam, tem que explicar, se afinal essas decisões passaram e ele não as assume como suas tem que explicar também o que se passa dentro do governo", insistiu.

Questionado sobre se estes acontecimentos podem ser sintoma de algum tipo de "guerra" dentro do PS, Pedro Filipe Soares recusou comentar.

"Creio que o pior que podemos fazer é transformarmo-nos em analistas de futebol da política portuguesa, isso nos não fazemos porque a condução de matérias que importam as pessoas e ao país e das decisões estratégicas são muito importantes e muito sérias e nós levamos com essa seriedade", disse.

Perante a insistência dos jornalistas sobre se Pedro Nuno Santos deveria ser demitido, o líder paralemntar do BE vincou que desconhece o processo e que apenas o primeiro-ministro pode explicar.

"Não conhecemos o processo, não sabemos se as decisões que o ministro Pedro Nuno Santos tomou eram do conhecimento do primeiro-ministro ou não ou se elas tinham algum tipo de rebeldia inerentes a elas. Quem conhecerá, quem poderá falar sobre isso é o primeiro-ministro", insistiu.

Para o BE, a oposição "tomar partido sobre as opiniões dentro do governo é o pior" que pode acontecer, e seria "retirar o foco do que é fundamental".

"Fundamental é uma decisão errada que nós já criticámos, e fundamental também é perceber qual o processo dessa decisão dentro do governo e quais as responsabilidades que o primeiro-ministro assume. Não nos parece é que o primeiro-ministro em fuga das suas responsabilidades seja a solução para esta matéria", rematou.

Na quarta-feira foi publicado em Diário da República um despacho assinado pelo secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, sobre a "definição de procedimentos relativos ao desenvolvimento da avaliação ambiental estratégica do Plano de Ampliação da Capacidade Aeroportuária da Região de Lisboa" - entretanto revogado pelo primeiro-ministro.

Entre outras medidas, o despacho determinava o "estudo da solução que visa a construção do aeroporto do Montijo, enquanto infraestrutura de transição, e do novo aeroporto 'stand alone' no Campo de Tiro de Alcochete, nas suas várias áreas técnicas."

O Ministério das Infraestruturas divulgou no mesmo dia que a nova solução aeroportuária para Lisboa passava pela construção de um novo aeroporto no Montijo até 2026 e por encerrar o aeroporto Humberto Delgado, quando estivesse concluído o de Alcochete, em 2035.

Segundo o Ministério das Infraestruturas, pretendia-se acelerar a construção do aeroporto do Montijo - uma solução para responder ao aumento da procura em Lisboa, que seria complementar ao aeroporto Humberto Delgado.