Congresso debate estatuto dos músicos e as suas organizações representativas
Um congresso reúne a partir de hoje, em Lisboa, investigadores nacionais e estrangeiros que vão debater o estatuto dos músicos profissionais e as suas organizações representativas.
O congresso "A Música como Profissão: Estatuto, carreiras e associativismo (séculos XVIII-XX)", que decorre até domingo, realiza-se na Universidade Nova de Lisboa e na Casa Verdades de Faria-Museu da Música Portuguesa, no Monte Estoril (Cascais), onde é inaugurada no domingo a exposição "Ser Músico em Portugal (1750-1985)".
A mostra apresenta "pela primeira vez ao público documentação inédita, nomeadamente iconográfica", disse à agência Lusa o investigador Tiago Manuel da Hora, da Universidade Nova de Lisboa e professor da licenciatura em Educação Musical da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto.
Em declarações à agência Lusa, Tiago da Hora realçou a "participação de variadíssimos investigadores portugueses e estrangeiros, na área da música e musicologia, bem como na área da história, em torno dos músicos profissional, suas organizações, condições de vida e trabalho e carreiras ao longo dos últimos séculos".
A mostra "Ser Músico em Portugal", que vai estar patente até novembro, é organizada por Tiago Manuel da Hora e pelos investigadores Manuel Deniz Silva e Cristina Fernande, e é "a primeira exposição dedicada a traçar um perfil histórico sobre o associativismo em torno dos músicos profissionais, as coletividades que organizaram e suas dinâmicas, desde a Irmandade de Santa Cecília, o Montepio Filarmónico, até ao Sindicato dos Músico".
Segundo Tiago da Hora, esta mostra reveste-se de "grande interesse, tanto do ponto de vista da história da música, como também da história do sindicalismo, do associativismo, da própria economia, da ação operária e da classe dos músicos do ponto de vista institucional e corporativo".
O congresso realiza-se no âmbito do projeto de investigação "Profmus", que envolve 23 investigadores internacionais, e é o primeiro a abordar "uma temática - em torno dos músicos profissionais e as suas associações representativas -, menos habitual e até há cerca de dez anos ausente da historiografia, pois a história da música centrava-se apenas nos compositores e no repertório, nomeadamente a análise da obra".
O congresso "abre uma janela a tópicos contextuais mais amplos, como a evolução de instituições musicais específicas, as políticas culturais de um dado período histórico e o modo como afetaram a vida musical ou a produção de música impressa" e também "as condições materiais da atividade dos músicos profissionais em Portugal, para além de estudos de caso sobre carreiras individuais, que permanece ainda por fazer".
Tiago Manuel da Hora argumentou que "as principais mudanças ocorridas na vida musical portuguesa desde a fase final do Antigo Regime [1789] até ao século XX não podem ser compreendidas sem uma noção mais precisa das condições sociais e profissionais que estruturaram a vida musical durante este período".
Outro tópico procura analisar "como os músicos portugueses interagiam com os estrangeiros residentes em Portugal, e como se protegiam através das suas associações".
Em agenda o projeto de investigação Profmus tem a criação de uma base de dados de cerca de 10.000 músicos e a publicação de um História da Música, nesta perspetiva sociológica.