Mais de 600 km2 contaminados na Colômbia pela extracção ilegal de ouro
A área contaminada pela extração de ouro na Colômbia atingiu 640 quilómetros quadrados (km2) no ano passado, indicou um relatório anual da ONU sobre esta atividade que financia grupos armados.
A ONU encontrou "provas de mineração de ouro de aluvião" em quase 100 mil hectares (mil quilómetros quadrados), 65% (640 quilómetros quadrados) dos quais se pensa serem extraídos ilegalmente através de máquinas de rios e outros cursos de água.
A extração clandestina de ouro polui a água com substâncias tóxicas como o mercúrio, sublinhou o relatório da ONU.
Estas operações "financiam grupos armados ilegais e geram graves danos ambientais", denunciou o diretor de assuntos antinarcóticos na embaixada dos Estados Unidos na Colômbia, Brian Harris, durante a apresentação do documento "Colombia: Alluvial Gold Mining 2021".
De acordo com o documento, a extração de ouro de aluvião e "o cultivo da coca convergem em 38% dos territórios identificados", sendo a Colômbia o maior exportador de cocaína do mundo e os Estados Unidos o maior consumidor desta droga.
Aqueles territórios estão concentrados no noroeste, área de influência do Clan del Golfo, o maior cartel de droga da Colômbia, e na costa do Pacífico, onde opera o Exército de Libertação Nacional (ELN), último grupo de guerrilha reconhecido do país.
A área contaminada permaneceu estável em relação a 2020, disse o representante na Colômbia do Gabinete da ONU contra a Droga e o Crime (UNODC), Pierre Lapaque, embora "a situação permaneça complexa".
Tal como no ano anterior, em 2021, metade das terras afetadas pertencem a áreas de "interesse ambiental, tais como parques naturais e reservas naturais", disse Lapaque. "Isto é alarmante para a conservação", acrescentou.
O relatório não especifica a quantidade de ouro extraído ilegalmente nem o valor comercial.
Em 2020, a Colômbia extraiu 48,6 toneladas de ouro, ou 1,5% da produção mundial.